De repente elas passaram a fazer parte do nosso dia-a-dia em bares e empórios especializados. Com cara de suco de laranja, cheiro de um pomar inteiro no copo e sigla que, para os desavisados, parece mais um ponto cardeal! Definitivamente o ano de 2017 foi das NEIPA. E parece que 2018 também o será. Há muita discussão sobre esse novo jeito de se produzir IPA. Para muitos a New England IPA não passa de mais uma modinha e daqui a pouco será substituída por outra onda. Mas, como diria Lulu Santos – a vida vem em ondas como o mar, num indo e vindo infinito. Normal! Inclusive no mercado de cervejas artesanais.
Eu gosto bastante das NEIPA. Acho instigantes, cheias de aromas atraentes, com uma textura macia deliciosa na boca, além de passarem longe do amargor resinoso e harsh que encontramos em muitas IPAs por aí. Se obedeço à modinha não me importa. O que sei é que cada vez mais tenho me deparado com a oferta de novos rótulos dela e, creio, será uma constante em todo o Brasil neste ano, continuando a movimentação que vimos em 2017.
Taxada como um estilo criado no Instagram pelo incensado mestre-cervejeiro Garrett Oliver ( já comentei sobre isso por aqui), a New England IPA conquista facilmente o consumidor por suas características sensoriais. Mas o que ela tem para conquistar também o produtor?
Lancei essa pergunta a alguns cervejeiros do Brasil. E as respostas são bem interessantes, pouco divergentes, com luzes que podem nos ajudar a entender mais esse “subestilo” e então traçar nosso veredicto: As NEIPA vieram ou não para ficar?
O QUE DIZEM OS CERVEJEIROS
- ” Acho bem gostosa. Diferente das IPAS normais que têm um amargor mais forte. São mais saborosas na percepção do sabor do lúpulo. São realmente estilos diferentes. Há dias que gosto de beber este estilo, outras vezes uma IPA clarificada e de amargor mais acentuado…acredito que tenha vindo pra ficar, principalmente nos Estados Unidos que é a origem. Enfim, estilo novo que deve ficar. Até Gose se mantém até hoje :)…Acho que não importa o volume e sim se tem gente procurando. Não há porque acabar. E a cerveja é realmente boa.” ( André Bettiol – Cervejaria Tupiniquim – RS)
- ” Acredito que lá nos EUA é uma coisa que ficará para sempre, pois é a IPA da região de New England, mas aqui para o Brasil é uma moda e depois que essa moda passar teremos apenas a diferenciação entre IPA e AIPA… Não tenho ainda uma opinião formada sobre subestilos virarem estilos! Para mim deveria ser somente American IPA.” ( Normando Siqueira – Cervejaria Uaimii- MG)
- ” Eu não acho modinha, acho que nosso mercado vive de modinha. Se a gente ficar classificando o que é modinha e o que não é, é o mercado inteiro! Eu acho que as NEIPA são um jeito novo de fazer IPA, eu gosto muito, tem muito frescor de lúpulo, muito interessante. São todas muito parecidas, na minha opinião. Só quem entende muito de lúpulo, ou quem toma NEIPA a doidado vai ver diferença entre uma e outra. É uma cerveja bem aveludada, bem diferente das outras IPAs. Não tem aquele toque pesado de caramelo que dá uma enjoada. Não têm a picância do lúpulo, elas são mais adocicadas normalmente. Eu acho que vem pra ficar, é uma cerveja fácil de beber. A gente explorou bastante, acho que a gente fez no ano passado umas quatro ou cinco, é mais fácil de vender para público leigo do que uma cerveja escura, uma cerveja defumada. Ela é menos agressiva, ela tem a explosão no aroma que é algo que atrai muito. Eu acho que elas ficam um tempo. Eu acho que esse pessoal que fala que é modinha é um pouco dor de cotovelo, porque o nosso mercado inteiro viveu de modinha a vida inteira. Cerveja artesanal é moda, não dá pra falar de outra forma. Até uma questão pessoal, nossa da Urbana, a cervejaria está vendendo bem mais, está mais bem cotada e a gente deve isso a Jabronx, então eu não posso reclamar nem um pouco disso.” ( André Cancegliero – Cervejaria Urbana – SP)
- ” Eu gosto muito desta variação das Double IPAs. Apesar de ainda não serem consideradas como um estilo específico (no BJCP 2015 se enquadram como Strong American Ale – Double IPA – 22A, e no Brewers Association 2017 como Imperial ou Double Índia Pale Ale), eu acredito que o estilo veio para ficar e não tardará para ser reconhecido como tal. No meu entender, um dos motivos que ainda não ocorreu esta separação é justamente a dificuldade em conseguir definir padrões mais específicos para uma NEIPA. Sabemos do caráter forte predominante da lupulagem citrica, mas há importantes variações de IBU, cor, teor alcoólico e corpo. Versões com e sem Bio-transformação, com fermentacao mista ou não, etc. Acredito que o estilo veio para ficar, mas há muito o que evoluir. Um dos primeiros pontos é o domínio das Bio-transformações e da grande fragilidade da cerveja. Depois de pronta, a qualidade sensorial cai muito rápido, principalmente quando exposta a temperaturas mais altas e ao oxigênio. No meio, fala-se em validade máxima de duas semanas. Escurecimento, queda na qualidade do aroma e amargor, etc, são os maiores problemas. Outro ponto muito importante é o elevadíssimo custo de produção. Se nos States já é uma cerveja cara, devido o uso de lupulos raros, imagina no Brasil. Custos tão elevados e a reduzida capacidade de manter a qualidade sensorial fazem com que produções grandes sejam praticamente inviáveis. Por motivos como estes habitualmente encontramos as melhores NEIPAs apenas em cervejarias pequenas (ex Koala), ou cervejarias ciganas (baixas produções). De qualquer forma acreditamos no estilo. Tanto que teremos naVerace uma NEIPA em 2018. ( Túlio Pinto – Cervejaria Verace – MG)
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
Todas as que experimentei foram satisfatórias e uma foram uma excelente experiência!
Como você mesmo bem escreveu, todas com características sensoriais muito marcantes!
Eu também tenho sido bastante feliz com as NEIPAs que experimentei! As do Protótipo Bar de BH são maravilhosas!!
Tenho experimentado ótimas NEIPAs, o mercado realmente tem oferecido muitas boas opções, tiro uma ou outra que talvez pela moda das NEIPAs classificam suas americam IPAs como NEIPAs sem se enquadrarem nas características sensoriais básicas de uma (ex a NEIPA da KUD). Mas pra mim vieram pra ficar, diminuirá a oferta de novos rótulos, e também todo glamour que hoje é feito pelas redes sociais, mas assim como toda boa cerveja, sempre terá seu lugar no mercado.
Estão chegando agora as Brut IPA, em contraponto às NEIPA… vamos ver a configuração do mercado com todas essas novidades, né?
Tenho experimentado ótimas NEIPAs, o mercado realmente tem oferecido muitas boas opções, tiro uma ou outra que talvez pela moda das NEIPAs classificam suas americam IPAs como NEIPAs sem se enquadrarem nas características sensoriais básicas de uma (ex a NEIPA da KUD). Mas pra mim vieram pra ficar, diminuirá a oferta de novos rótulos, e também todo glamour que hoje é feito pelas redes sociais, mas assim como toda boa cerveja, sempre terá seu lugar no mercado.
Estão chegando agora as Brut IPA, em contraponto às NEIPA… vamos ver a configuração do mercado com todas essas novidades, né?
Todas as que experimentei foram satisfatórias e uma foram uma excelente experiência!
Como você mesmo bem escreveu, todas com características sensoriais muito marcantes!
Eu também tenho sido bastante feliz com as NEIPAs que experimentei! As do Protótipo Bar de BH são maravilhosas!!
Eu também tenho sido bastante feliz com as NEIPAs que experimentei! As do Protótipo Bar de BH são maravilhosas!!