Tomam força as sidras artesanais produzidas no Brasil
Pão e Cerveja

As sidras chegaram, mas será que para ficar?

Quem nunca ouviu falar, e nunca torceu o nariz para a bebida ” sidra”? Ela é mal vista por aqui, até porque o pouco contato que todos têm com a bebida vem de um único rótulo, apresentado ao Brasil por imigrantes italianos, cuja qualidade é questionável.Por causa dessa marca única no mercado, sempre associada aos brindes de fim de ano em mesas menos abastadas, ao ouvir o nome Sidra o brasileiro bate o martelo ao afirmar que trata-se de uma bebida ruim, vagabunda, uma imitação fuleira de champagne e outros atributos nada simpáticos. E deixa de ter uma experiência nova interessante. Tomar sidra pode se transformar em novo hábito dos brasileiros, sabia? Elas estão chegando com força por aqui e estão sendo produzidas artesanalmente, no rastro de um movimento internacional alavancado pelos Estados Unidos.

Esqueça  o sabor que você acha conhecer de sidras. Elas não são bebidas docinhas, parecidas com um suco de maçã de merenda escolar. Isso é o padrão imposto pela tal marca única conhecida no mercado brasileiro. As sidras que estão chegando ao mercado, seja importadas ou feitas artesanalmente por aqui, são secas, refrescantes, saborosas e pouco doces. Uma delícia para as tardes de verão super quentes que já se anunciam!

Origem

O nome ” sidra” vem da palavra hebraica shekar,  que quer dizer bebida forte. Variantes dessa palavra foram usadas em diferentes civilizações, como na Babilônia – Sikaru, na Grécia – Sikera, Império Romano – Sicera. Como em italiano a bebida é chamada de Sidro e foi por meio de imigrantes italianos que ela chegou ao Brasil, por aqui recebe o nome de Sidra, com S e não com C, como muitos confundem. Cidra, com C, é o fruto da cidreira.

Sidra é o fermentado de maçãs. E pela legislação brasileira só pode ser chamada de sidra a bebida feita 100% da fruta. Caso entrem outras frutas, como peras ou pêssegos ou abacaxi, só pode ser rotulada como bebida mista. Na preparação dela a fermentação é inteiramente natural e para que isso aconteça, sem intervenções  e inoculações de outros tipos de fermento, as maçãs precisam ser perfeitas. Não em formato ou tamanho. Perfeitas no sentido de integridade. Elas não podem estar quebradas, com a polpa exposta, porque seriam uma fonte para bactérias, o que atrapalharia ou até impediria a fermentação. Também é essencial que não tenham sido cultivadas com uso de produtos químicos, ou seja, precisam ser frutas orgânicas. A sidra industrializada brasileira, a da marca única, são feitas com maçãs de descarte, despedaçadas, já meio apodrecidas, sem padrão. Por isso é uma bebida tão barata.  uma maçã

Estatísticas

Na França se produz sidras em diferentes regiões, sendo a principal próximo ao país Basco, e para cada uma delas há diferença no perfil, umas mais doces, outras mais secas. Grã-Bretanha também é um grande centro produtor, vindo de lá algumas das importadas que temos visto por aqui, como a irlandesa Magners, que nos chega nos sabores tradicional, cerejas e peras. Mas é nos Estados Unidos que temos visto um florescer da cultura da sidra. Para que você tenha ideia, estatísticas traçadas pela Associação Norte-americana de Produtores de Sidra mostram que em 2013, quando a associação foi fundada, havia 96 produtores. Em 2014 o número pulou para 274. No ano seguinte já havia 724 americanos produzindo sidra e até junho de 2016 a associação contava com 1330 membros. ( outros dados aqui)

Cícera

Cícera

Sidra da Ambev, produzida na Wals, chega ao mercado em Janeiro de 2017

No Brasil ainda é uma quebra de paradigma tomar sidra, o que dirá produzir! As iniciativas são tímidas, mas o movimento norte-americano não passa despercebido não. Tanto assim que a Ambev criou sua própria marca de sidra, a ser lançada com estardalhaço no mercado em janeiro de 2017. Chamada Cícera, nome buscado lá na origem da palavra como expliquei acima, é uma bebida leve, com toque moderno na garrafinha pequena,  rótulo urbano e uma linguagem visual que procura identificação com o público descolado, aquele que busca novidades e gosta de lançar tendências. Ela foi desenvolvida na Wals, em Belo Horizonte, utilizando como insumo o suco de maças Gala e Fuji, trazido em câmeras refrigeradas diretamente da comunidade rural de Antônio Prado, no RS. Em pré-lançamento para um pequeno grupo no último fim de semana, eu experimentei a Cícera. Gostei. Fácil de beber.

As Épo

Sidras Épo Cia Morada Etílica

Três versões para as primeiras sidras artesanais do Brasil, produzidas pela Cia Morada Etílica

Já as sidras artesanais brasileiras pioneiras vêm do visionário e sempre genial André Junqueira, da Cia Morada Etílica de Curitiba ( ele já deu as caras por aqui). Desde meados de 2016 estão no mercado as ÉPO ( nome brasileirês para ” apple”), sidras pensadas por ele e produzidas dentro da vinícola Cia Piagentini, em Caxias do Sul. Todo o processo, desde a colheita das maçãs até o engarrafamento da bebida fermentada, é feito lá, sob a orientação do próprio Junqueira. Segundo ele, “a vontade de beber uma boa sidra seca e refrescante, em um copão cheio de gelo”, foi o que o levou a encontrar um jeito de produzir, já que no mercado não havia nada nem parecido. Ainda de acordo com Junqueira, ele nunca achou que seria fácil introduzir o conceito da bebida por aqui: ” sempre soube que seria um desafio comercialmente falando, por conta da falta de conhecimento do público a respeito do produto, e que muitos esperariam um perfil “infantil” de bebida doce e tal, o q obviamente eu não faria.” E não fez mesmo! As sidras ÉPO são deliciosas e refrescantes, tal qual foram idealizadas! Elas são produzidas em três versões: Hibi, com abacaxi e hibiscus; Ambu, que passa por maturação em barril de Amburana e Hop, com adição de lúpulos americanos ( um cruzamento claro com a cerveja).

Mesmo não sendo uma bebida ainda bem reconhecida pelo público brasileiro , anotem aí que 2017 pode trazer belas surpresas se o assunto for Sidra. Não tenha medo de experimentar, porque todo o conceito que você pode ter da bebida vem de equívocos. Acredite, sidra chegou e quer ter o seu lugar ao sol!

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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FLAVIO BRITO

Boa tarde Fabiana,

Adorei o post. Acabei de voltar da Espanha onde experimentei “ladron de manzanas”, da heineken. Fiquei apaixonado e comecei a procurar algo parecido no Brasil. Parece que outras marcaram lançaram com sucesso cidras na Inglaterra também, todas com essa proposta mais despojada.
Vou provar as brasileiras e ver se alguma me cativa.

Sucesso!

Flávio Brito

Fabio Perrotta Jr.

Você vai gostar. As EPO da Cia Morada Etílica são muito gostosas!

FLAVIO BRITO

Boa tarde Fabiana,

Adorei o post. Acabei de voltar da Espanha onde experimentei “ladron de manzanas”, da heineken. Fiquei apaixonado e comecei a procurar algo parecido no Brasil. Parece que outras marcaram lançaram com sucesso cidras na Inglaterra também, todas com essa proposta mais despojada.
Vou provar as brasileiras e ver se alguma me cativa.

Sucesso!

Flávio Brito

paoecerveja

Você vai gostar. As EPO da Cia Morada Etílica são muito gostosas!