De tão repetidas, algumas crenças e lendas se tornam verdades que poucos questionam. Isso não faz com que elas o sejam de fato. Há muitas lendas cervejeiras espalhadas por aí… Tenho colecionado algumas afirmações equivocadas, coletadas principalmente em redes sociais, às quais tenho vontade, mas também preguiça, de responder. Hoje resolvi fazer isso de forma mais abrangente. Assim, se você leitor acredita em algumas delas, pode saber o que é verdadeiro e o que não é:
Cerveja boa, de qualidade, somente as “ puro malte” (Falso) – Ser puro malte não é sinônimo de qualidade. Há muita cerveja ruim, com processos de produção errados, cheias de defeitos, mas feitas exclusivamente de cereais malteados. Sem falar que muitos estilos clássicos têm em sua composição cereais não malteados e não estamos falando de milho que parece ser o grande inimigo e temor dos consumidores que apregoam a qualidade das “puro malte.” Um bom exemplo do que digo é o estilo wit, a cerveja de trigo belga, composta por uma parcela desse grão em seu estado natural, não maltado. Vai me dizer que são cervejas piores??
Cerveja que contém milho se percebe logo pelo cheiro ( Falso) – Um dos erros mais comuns é essa afirmação. Pelo contrário, o milho tira da cerveja aromas e sabores, tornando-a leve, neutra, fácil de ser consumida em grandes quantidades, além de baratear bastante o custo da bebida. Quando sentimos cheiro de milho na cerveja, o que é um defeito, nunca qualidade, é porque percebemos DMS, sigla para dimetilsulfeto, um composto químico precursor do malte, ou seja, há muito mais chances de sentirmos tal aroma nas cervejas “puro malte” do que naquelas que levam adjuntos como o milho.
A escola alemã é engessada, sem criatividade (Falso) – Outra afirmação simplista que não reflete a realidade. Está ligada à Lei da Pureza da Bavária, a Reinheitsgebot, que vigorou por séculos na Alemanha e que decretava como ingredientes únicos permitidos na cerveja água, malte, lúpulo e levedura. Essa lei é até hoje utilizada como marketing. Por causa dela se diz que, ao contrário da Bélgica, cujas cervejas são criativas com suas frutas e especiarias adicionadas, as alemãs são sempre iguais. Mas como dizer isso de cervejas que levam os mesmos ingredientes e conseguem ser tão diferentes entre si? Ou vai me dizer que uma Pilsen é igual a uma cerveja de Trigo, ou à Dunkel ou à Bock? Todas elas obedecem à lei da pureza, nem por isso têm o mesmo sabor, o mesmo corpo, a mesma cor, o mesmo teor alcoólico.
Acabo de perceber que ainda existem outras tantas afirmações pouco verdadeiras que merecem ser esclarecidas. Como meu espaço aqui é curto, deixo as respostas para minha próxima coluna.
Texto originalmente publicado em 17/05/2015 no caderno Degusta do Jornal Estado de Minas e reeditado para este site.
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