Em tempos de renúncia papal, conclave à vista, banco de apostas sobre a nacionalidade do novo pontífice, me pego divagando sobre a relação entre o clero e a cerveja. Não pensem que é blasfêmia, pois essa relação existe, diria eu , íntima até. Não fossem os representantes da Igreja Católica, talvez não tivéssemos hoje o conhecimento registrado sobre a bebida.
Tudo começa na Idade Média, quando apenas monges eram letrados o bastante para manter bibliotecas e guardar de forma escrita os conhecimentos sobre saúde e alimentação. Cerveja já foi considerada remédio e também alimento. Na Antiguidade, a bebida era considerada o pão líquido. No período medieval, além de alimento pode ter sido a fonte de preservação da vida.
A bebida, conhecida desde a Mesopotâmia, adentrou a Europa depois do esfacelamento do Império Romano no Ocidente.
Veio trazida pelas mãos dos ditos povos bárbaros que, misturados principalmente à população rural, acabaram introduzindo seus hábitos, entre eles o consumo da bebida fermentada de grãos. Sendo a Igreja Católica a única instituição que se manteve inteira depois das invasões bárbaras, os mosteiros passaram a ser refúgio certo para quem queria se manter seguro e, principalmente, alimentado. Dentro de suas muralhas resguardadas, a ordem era oração e trabalho.
Tudo o que se consumia dentro dos mosteiros era produzido pelos religiosos. Frutas, grãos, verduras eram plantados em suas terras. Pães e vinho também preparados ali. E a cerveja, que se mostrava um alimento de produção mais barata, revelou-se uma opção certeira à mesa dos religiosos. Por ser líquido e ter o poder de matar a fome, durante os jejuns os monges faziam da cerveja sua pièce de resistènce.
Digamos que assepsia e higiene não fossem características muito em voga na Europa medieval… sujeira, misturada à pobreza e grandes aglomerações, era fórmula certa para doenças, reprodução de roedores, água contaminada e consequentemente muitas mortes. E por que as mortes não chegavam aos mosteiros? Justamente porque ao fazer da cerveja o líquido corrente em suas refeições, seus jejuns e sacrifícios, os monges bebiam água limpa, fervida e esterilizada durante o processo de preparação da bebida.
Por serem os detentores das letras, ao longo de séculos os religiosos católicos registraram receitas de cervejas que eram repassadas por gerações, perpetuando assim as fórmulas bem- sucedidas. Graças a eles, a prática de produzir cerveja não desapareceu. Em homenagem ao novo Papa que virá, sugiro um brinde santo com uma cerveja produzida em mosteiro trapista. Procure pela Chimay, Rochefort, Westmalle, Orval, todas elas facilmente encontradas no Brasil, e suba às alturas com a explosão de sabores e aromas dessas delícias de inspiração divina.
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