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Uma cerveja Introspectiva

O tempo chuvoso costuma me provocar certa melancolia… bate aquela vontade de ficar quieta em casa, com roupa larga e confortável, debaixo de um cobertor. É quando penso em comidas quentinhas, que abraçam o estômago e aquecem a alma. Polenta recheada com guisado de carne, sopa de legumes daquelas de criança, um risoto fumegante e tomado de queijo. Todas essas opções me remetem a um abraço afetivo e caloroso. Mesmos sentimentos que consigo encontrar em
determinadas cervejas.

Pode parecer estranho pensar em uma cerveja calorosa, uma vez que a bebida é sempre associada ao verão, sol, à sede de algo refrescante. Mas, acredite, existem tipos de cerveja que podem, sim, aquecer nossa alma e preencher nossos sentidos de cores, sabores, cheiros deliciosos. Em um dia de chuva, quando muitos pensam em vinho para acompanhar o recolhimento que o clima sugere, eu prefiro escolher uma Barley Wine, cerveja da escola inglesa, estilo dos mais elegantes que conheço. O nome é sugestivo: Barley Wine, traduzindo, vinho de cevada. No copo um líquido aveludado, de cor brilhante, puxada ao castanho-avermelhado, doçura de malte envolvendo a boca, teor alcoólico mais elevado provocando aquele aquecimento na garganta e no peito. Um néctar, com poderes mágicos de nos levar à paz introspectiva que a chuva lá fora nos faz pedir.

É comum que as pessoas combinem comida com a bebida que se vai servir. É o que se chama, e para muitos parece pedante, harmonizar. A Barley Wine, no entanto, me sugere a combinação, ou harmonização, com a atmosfera. Posso servi-la enquanto leio um livro; posso tomá-la enquanto ouço aquela música que me faz viajar. Se estiver sozinha, ela pode me acompanhar. Se estiver em grupo, pode coroar a conversa com toques filosóficos. A elegância dessa cerveja é o que encanta. E, ao contrário do que muitos pensam, ela deve ser tomada menos gelada, em dose menor, vagarosamente. Uma cerveja introspectiva!
Um dos aspectos mais interessantes da cerveja é ser versátil. Os muitos estilos da bebida permitem que haja opções dela para cada estado de espírito, para ocasiões e locais diferentes, para comidas comuns e especiais. Em minha busca pela quietude e introspeção de um dia chuvoso, me vem à mente a Barley Wine. Poderia pensar em outra cerveja, assim como os que me leem agora podem ligar o tempo e o clima a outro estilo. Fato é que não existe cerveja certa ou errada. O que há é a cerveja que mais agrada a cada um, em cada circunstância, momento ou situação vividos. Para comprovar o que digo, basta aventurar-se a experimentar novidades, a esquecer conceitos pré-estabelecidos e deixar-se seduzir por essa bebida milenar.
Se ficou curioso para experimentar a Barley Wine, procure encontrar uma garrafa de Thomas
Hardy’s Ale. Ao experimentá-la, verá os verdadeiros milagres que essa cerveja pode fazer.

Fabiana Arreguy

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