Dizem que os moradores do Cerrado são chamados de roedores de pequi. Se tomarmos como regra o apelido, nós, mineiros, poderíamos ser chamados de roedores de queijo, não? Somos ou não verdadeiros ratos no consumo dessa iguaria dos deuses? De uns tempos pra cá tenho sido contemplada com a sorte de poder degustar maravilhas produzidas nas regiões tradicionais queijeiras de Minas Gerais. Mais sorte ainda por ter como guia nessas incursões de conhecimento o colega, jornalista Eduardo Girão. Já tivemos algumas oportunidades de juntar nossos expertises para promover degustações dirigidas harmonizadas, nas quais as cervejas artesanais têm sido o par-perfeito para os queijos também artesanais produzidos em nosso estado. Não houve nem uma só dessas harmonizações que tenha nos desapontado. É sempre surpreendente o casamento entre queijo e cerveja. A festa que se dá na boca com a junção dos dois é impressionante e o público que tem participado desses eventos sempre sai encantado com as possibilidades de sabor apresentadas e provadas.
Invariavelmente, introduzo as degustações harmonizadas que dirijo falando das razões geográficas que consagraram o casamento entre vinhos e queijos. Herdamos de regiões produtoras, como França por exemplo, a tradição de unir os dois alimentos mais por uma questão de oferta ampla, do que por pensar na combinação dos sabores. Que é gostoso, é. Que dá certo, dá. Isso não quer dizer que a monogamia seja o caso aqui. Queijo pode ter outros parceiros que lhe fazem muito bem!
Minas Gerais hoje é um dos polos produtores de cerveja artesanal no Brasil. As cervejas mineiras têm-se consagrado por sua qualidade, pela criatividade dos cervejeiros, pelo grande leque de opções de estilos oferecidos. Os queijos produzidos em pequena escala nas regiões da Canastra, do Serro, do Salitre e outras mais são premiados lá fora tal excelência alcançaram. A indústria mineira de laticínios também é uma das mais desenvolvidas da América Latina. Mesmo não fabricando produtos artesanais, tem posto no mercado tipos de queijo originados na Europa com altíssimo nível de competitividade e sabor. Como não fazer a junção desses elementos acessíveis a nós e em profusão?
O argumento geográfico é um dos fatores óbvios para a harmonização de queijos e cervejas em se tratando de Minas Gerais. Mas é apenas um, porque as possibilidades de sabor que tal casamento oferece são inúmeras. Em Minas, queijo normalmente é comido com pão, ou com doces e compotas de frutas, ou ainda acompanhado de um cafezinho coado na hora. Cerveja pode ser um pouco de tudo isso, não? Ela é pão. Ela pode ter sabor de banana, de ameixa, de abacaxi em calda. Ela também pode ser torrada, com cheiro e gosto de café. Olha aí os mesmos sabores presentes… cerveja tem carbonatação, um de seus maiores trunfos na harmonização com queijos. O gás carbônico é importante agente de limpeza de nossas papilas gustativas. Queijo sempre deixa um rastro untuoso na língua. E a carbonatação da cerveja vem por trás arrastando isso. Sem contar o lúpulo, outro importante agente de limpeza do paladar, que sobressaindo-se ou pouco notado, é elemento obrigatório na cerveja.
Tenho frisado que minha filosofia de vida hoje é valorizar produtos locais e pequenos produtores. É uma opção de vida. Assim tem sido com pães, com café, com agricultura familiar, com as cervejas e também com os queijos. Poder mostrar às pessoas que elas têm disponíveis cervejas de altíssima qualidade feitas em pequena escala é um grande prazer. Com o queijos não tem sido diferente. Por isso, se você ainda não teve a oportunidade de participar de uma degustação de queijos & cervejas, minha dica: procure participar. Seus conceitos vão mudar, tenho absoluta certeza!
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E ouça aqui os áudios da coluna Pão e Cerveja da Rádio CDL
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
Olá Fabiana, retomando um post antigo. Qual harmonização você indicaria para um belo Parmesão da Alagoa bem curado e levemente picante ?
Como boa mineira deve conhecer essa iguaria produzida aqui na Mantiqueira em Alagoa-MG, hoje este queijo esta em processo regulamentação, feito com leite cru e chamado de Queijo Artesanal de Alagoa.
Inté
JP
Adoro o queijo Parmesão da Alagoa! A última vez que o harmonizei faz 2 semanas apenas. Mas usei uma cerveja pouco comum e difícil de encontrar que foi a Vitis Ale da Cervejaria Leopoldina. Essa cerveja leva 25% de mosto do vinho Chardonnay. Ficou sensacional!
Mas na falta dessa cerveja, gosto bastante de usar Porters ( tema do post de hoje!) com o parmesão. Já usei também Barley Wine envelhecido em barrica de carvalho e gostei bastante da harmonização. ( neste caso usei a Krug Pretensão, mas cabe também a Backer Reserva)
Olá Fabiana, retomando um post antigo. Qual harmonização você indicaria para um belo Parmesão da Alagoa bem curado e levemente picante ?
Como boa mineira deve conhecer essa iguaria produzida aqui na Mantiqueira em Alagoa-MG, hoje este queijo esta em processo regulamentação, feito com leite cru e chamado de Queijo Artesanal de Alagoa.
Inté
JP
Adoro o queijo Parmesão da Alagoa! A última vez que o harmonizei faz 2 semanas apenas. Mas usei uma cerveja pouco comum e difícil de encontrar que foi a Vitis Ale da Cervejaria Leopoldina. Essa cerveja leva 25% de mosto do vinho Chardonnay. Ficou sensacional!
Mas na falta dessa cerveja, gosto bastante de usar Porters ( tema do post de hoje!) com o parmesão. Já usei também Barley Wine envelhecido em barrica de carvalho e gostei bastante da harmonização. ( neste caso usei a Krug Pretensão, mas cabe também a Backer Reserva)
Conheço bastante, compro dele e tenho feito várias harmonizações . Uma das que mais gostei foi com a cerveja Krug Pretensão, uma cerveja maturada em carvalho, bastante maltada, cujo dulçor faz um belo contraste com o picante e salgado do queijo. Fica sensacional!!!
Crem Deus Pai: duas coisas deliciosas… Só faltou uma xeca.