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Primeira cerveja com lúpulo brasileiro – podemos confiar?

Há alguns dias, dei um " pulinho" ali em Campos do Jordão, São Paulo, para um lançamento interessante. Fui uma das convidadas para a comemoração dos 15 anos de fundação da Baden Baden, inicialmente uma cervejaria pequena e artesanal, hoje pertencente à japonesa Brasil Kirin. Entre visitação à fábrica e um almoço especialmente preparado para a ocasião, foi lançada a cerveja comemorativa do aniversário – uma heller bock. O estilo tipicamente alemão é pouco conhecido dos brasileiros, o que já torna a cerveja especial. Trata-se de uma Bock, só que clara, o que pode causar estranhamento aos mais desavisados. Por ser clara, as pessoas costumam procurar refrescância, característica erroneamente associada à cor. Mas eis a outra surpresa, é uma cerveja de teor alcoólico mais alto, que provoca aquela sensação de aquecimento no peito que tão bem cai no inverno. A grande novidade , no entanto, não é o estilo, nem o teor alcoólico, e sim uma pequena frase no rótulo, logo abaixo do nome e
demais informações — Com lúpulo brasileiro.

Ora, mas lúpulo nasce no Brasil? Pergunta um. Segunda pergunta, mais maliciosa e feita lá mesmo durante o lançamento: esse lúpulo foi plantado na Granja Comary?. Risos, óbvio, acompanharam a pergunta de um único corajoso a explicitar a piada presa na garganta de todos que ali estavam. E então vieram as respostas, muito interessantes por sinal, e totalmente confiáveis em minha avaliação.

Segundo o diretor de projetos especiais da empresa, Rubens Mattos, o tal lúpulo foi plantado ali mesmo em Campos do Jordão, por um agrônomo que já faz pesquisas relacionadas a culturas que não crescem do Brasil. O lúpulo é apenas uma das experiências de Rodrigo Veraldi, o agrônomo. Para que nascessem as flores, parte utilizada na cerveja, foram dois anos de espera e de trabalhos específicos para driblar alguns fatores contrários ao desenvolvimento da planta por aqui, tais como clima, latitude, incidência solar. Não havia qualquer garantia de que elas cresceriam, o que ocorreu surpreendendo até mesmo o responsável pela empreitada. Para ser utilizado na cerveja, amostras desse lúpulo foram enviadas ao Japão, sede da Kirin, para continuidade das pesquisas e adaptação da variedade da planta, que mostrou potencial muito baixo de amargor, principal característica desse insumo. As flores foram acrescentadas à Baden Baden 15 anos, acompanhadas de outras variedades de lúpulo, sem trazer grandes sensações. Ainda assim é uma vitória a ser contabilizada. Afinal, é o primeiro passo para contarmos regularmente com um lúpulo brasileiro.

Fabiana Arreguy

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