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Pipoca de lúpulo, isso é ousadia!!

Em tempos em que a presidente do país fala em saudar a mandioca e o milho, abordar esse grão é mais que oportuno. Milho é um grão sagrado para muitas civilizações andinas. Até hoje indígenas brasileiros o têm como tal. Mas para bebedores de cerveja não. Milho é a encarnação do mal! Apontar dedos para cervejas industriais justamente por causa desse ingrediente virou moda. É certo que cervejas puro-malte têm muito mais sabor. Também é certo que descobrir no copo maior porcentagem de milho do que de cevada nos traz a sensação de sermos enganados como consumidores. Daí a conjecturar que toda cerveja que leva algum adjunto é ruim e que toda cerveja industrial obrigatoriamente leva milho é um caminho muito distante e, de certa forma, equivocado.

Dizem que a melhor forma de escapar de brincadeiras e piadas é se adiantar a elas, praticando um auto-bullying. Pois nos próximos dias vocês vão ver no mercado uma dessas “auto-piadas”. Chama-se hop corn ( é sim um trocadilho com pop corn, pipoca em inglês). É a nova cerveja da Wals, cervejaria mineira que em fevereiro passou a compor o portfólio da gigante Ambev. Já que grande parte do público cervejeiro começou a criticar a Wals a partir da junção com a Bohemia, vaticinando que todos os seus rótulos passariam a ser compostos por milho, a resposta veio engarrafada. Sim, é uma cerveja em que 25% da composição é de high maltose, ou seja, de açúcar obtido do grão. O estilo escolhido é o American IPA, cuja característica mais marcante são as variedades de lúpulo norte-americanas que trazem um aroma cítrico intenso. Maracujá e manga se desprendem dos lúpulos Amarillo, Cascade, Centennial utilizados. O desafio da equipe de produção da hop corn é alguém dizer que a cerveja é ruim, que tem gosto de milho, que não é fácil de beber.

Muitas vezes combatemos algo sem procurar saber do que se trata. O uso de high maltose, por exemplo, é prática comum em cervejarias. Ele aumenta o corpo da cerveja. Não sou a presidente Dilma, portanto não saúdo o milho, nem defendo o uso, ou o não uso, de adjuntos vindos dele. A única coisa que, a meu ver, deveria nortear o consumidor é o sabor da cerveja e o preço que ele pode pagar. Se uma cerveja leva high maltose e no paladar é saborosa, por que não consumi-la? Bom, muitos dos que me lêem podem discordar. E isso também é interessante, porque o debate é sempre melhor do que imposições. Eu prefiro experimentar a hop corn tão logo ela chegue ao mercado. E a partir de seus atributos sensoriais dar a minha opinião.

Fabiana Arreguy

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