Pois é… lá vamos nós, mulheres, reclamar de homenagens feitas a nós! Não é assim que se referem às ” feminazi” que adoram criar mimimi para tudo? Afinal, elas não têm senso de humor. O mundo ficou muito chato com o politicamente correto. ” Só” porque quis fazer uma brincadeira o cara foi execrado publicamente, quanta injustiça! Eu, no lugar delas, ficaria lisonjeado com esse tipo de carinho. Minha mulher não viu nada demais no rótulo, na propaganda. Tem muita mulher que gosta, e daí? Gente, não acredito que esteja aqui, em pleno ano de 2017, discutindo machismo. É muita involução! Pergunto: cervejas sexistas ainda vendem no Brasil?
As frases que listei acima são ditas sem o menor pudor, ao vivo ou nas redes sociais. E há quem as aplauda! Infelizmente até mulheres o fazem! Talvez quem as diga não tenha noção do que seja ser tratada permanentemente como objeto. A objetificação da mulher é tão subreptícia que muitas vezes se traveste de elogio, de lisonja. Mas no fundo é um recado perene a cada uma de nós: ponha-se no seu lugar! ( e por lugar leia-se cozinha, casa, família, mãe. Bela, recatada, do lar).
Há poucos meses abri este espaço para falar da cerveja E.L.A, que tentava mostrar que o machismo se infiltra e acontece em todo e qualquer ambiente, também no segmento cerveja. ( leia aqui). Hoje, no entanto, é com tristeza que utilizo o mesmo espaço para falar de duas cervejas ” inocentes” e ” bem humoradas”, cuja única intenção é agradar ao público feminino ( oras, façam-me o favor!!!).
Em um lampejo de puro atraso a Proibida lança a Cerveja Puro Malte Rosa Vermelha Mulher. Anunciada assim: ” uma cerveja delicada e perfumada, feita especialmente para você, mulher”. Discussão tão antiga e chata que me dá bocejo só de entrar nela novamente. Cerveja para mulher??? Perdoem-me o palavreado, mas quanta babaquice! Quanto desconhecimento do mercado! Como se as mulheres precisassem ser tuteladas até mesmo em seu paladar!
E para completar, quebrando a banca geral, aparece uma tal cerveja B.O, artesanal produzida em São Paulo, que nomeia suas cervejas como: Filha do Patrão e Mulher do Vizinho, cujos rótulos trazem verdadeiros tratados sexistas, explorando estereótipos ofensivos. Não dá nem para comentar! É tão execrável, um conceito tão equivocado, que chego a duvidar que agrade até mesmo ao mais convicto dos machistas. Essa é para nunca beber!!!
Em outubro de 2013, vejam bem, e já não era novidade alguma, eu discutia o sexismo nos rótulos de cerveja, no meu primeiro artigo para a coluna Ela, a Cerveja da extinta revista Have a Nice Beer. Parece que três anos depois, continuamos no mesmo ponto, tendo de gritar que não somos coisas! Até quando, hein??
Segue o texto, com o qual eu termino esse post. Tomara que seja útil!
Um Pint de Anderson Silva ou um Mass de Rodrigo Hilbert. Estão servidas?
Cansei! Propagandas sexistas de cerveja, que coisificam a mulher, já não dá mais para aguentar! Não consigo entender a insistência das propagandas de cervejas de grande massa em comparar a bebida a periguetes quase nuas, em eternas férias na praia! No Brasil não existe chuva? ninguém precisa trabalhar?os homens todos são pagodeiros?podem se dar ao luxo de beber o dia todo? Pois é isso que tais anúncios repassam, há anos, sem qualquer originalidade. E pior, com a burrice de desconsiderar que somos consumidoras!
Em 37% dos lares brasileiros, a mulher é a chefe da família, sozinha, sem nenhum companheiro, segundo o último Censo do IBGE. Isso quer dizer que somos nós as responsáveis por uma grande fatia do consumo no país, inclusive da velha e boa cervejinha. Ainda assim, parece que não interessa vender para essa fatia do mercado. Pelo menos não vejo nenhuma cerveja anunciada de forma a atingir o público feminino. Tudo bem, podem alegar algumas de vocês, porque cerveja ruim não nos interessa comprar. Mas, insisto, a questão é conceitual, não tanto prática. Não dá mais para ouvir, com um sorrisinho blasè no rosto, comparações grosseiras do corpo da mulher com a cerveja!
Pensando por essa lógica invertida publicitária, bolei uma propaganda diferente… Imagine uma executiva, bem vestida , entrando em um bar onde ela pede um Mass caprichado de Rodrigo Hilbert! Outra mulher, mais descolada,moderna, também vestida, no mesmo balcão, pede um Pint de Anderson Silva! Será que isso atingiria nosso público em cheio? Ou seríamos julgadas por “ coisificar” o homem? Será que eles se sentiriam confortáveis em se ver expostos, prontos para ser ingeridos sem parcimônia, como pedaços de carne no açougue?
Sei que parece feminismo bobo reclamar de simples peças publicitárias. Mas, para mim, cerveja é bem mais simpática e agregadora que essas comparações que segregam mulheres e homens. Que nos colocam em posições diminuídas em relação a eles. Não gosto de pensar que ainda haja mulheres que se sintam elogiadas por ser expostas como apenas um pedaço de carne. E não posso contribuir para que situações assim perdurem e se perpetuem , ficando em silêncio. Afinal, na minha terra, Minas Gerais, existe um ditado que diz: “ Quem cala, consente” Por isso não calo! Digo bem alto: abaixo essa bobagem de chamar as cervejas por estereótipos burros – loiras, ruivas ou morenas – cerveja é cerveja. E que ela nunca falte em nossos copos!
Me acompanhe também nas redes sociais:
Facebook.com/ Fabiana.Arreguy
Facebook.com/ paoecerveja
Instagram Fabiana.Arreguy
Twitter@paoecerveja
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
Parabéns, Fabiana. Seu posicionamento frente a estas questões sempre me alegram. Pra mim, trata-se do esforço do macho em dar “um” lugar à mulher, enquanto ele mantém para si “o” lugar hegemônico. Assim como é feito no vagão do metrô, nas cores de quartos, nos brinquedos pras crianças. O nosso país é machista, e o meio cervejeiro é mais um de seus frutos, assim como é no jornalismo, no esporte, nas empresas, no trânsito, etc.. Levantemos bandeira e lutemos contra isso!
O feminismo acaba na hora de tomar uma Imperial IPA!
Não entendi a colocação…
O feminismo acaba na hora de tomar uma Imperial IPA.
De trocar a roda do carro.
Matar a barata.
Descarregar o caminhão de cimento.
Ir para a Infantaria…..
O feminismo acaba na hora de tomar uma Imperial IPA!
Não entendi a colocação…
O feminismo acaba na hora de tomar uma Imperial IPA.
De trocar a roda do carro.
Matar a barata.
Descarregar o caminhão de cimento.
Ir para a Infantaria…..
Parabéns, Fabiana. Seu posicionamento frente a estas questões sempre me alegram. Pra mim, trata-se do esforço do macho em dar “um” lugar à mulher, enquanto ele mantém para si “o” lugar hegemônico. Assim como é feito no vagão do metrô, nas cores de quartos, nos brinquedos pras crianças. O nosso país é machista, e o meio cervejeiro é mais um de seus frutos, assim como é no jornalismo, no esporte, nas empresas, no trânsito, etc.. Levantemos bandeira e lutemos contra isso!