Estelionato é uma palavra forte, admito. Seu significado, no entanto, nos mostra que muitas ações no meio cervejeiro podem ser classificadas como tal. A palavra vem do latim Stellionatu, como mostra qualquer busca no “Google”. E, basicamente, se refere a quem obtém vantagens para si fazendo uso de fraudes, de mentiras. Infelizmente tenho ouvido muitos relatos que classificaria de estelionato cervejeiro. São tão absurdos, e porque não dizer tristes, que dá vontade de voltar no tempo e começar tudo de novo.
Como não tenho intenção de crucificar ninguém, de fazer julgamentos e muito menos expor pessoas, vou contar aqui os casos que ouvi e até mesmo testemunhei, sem dizer aonde aconteceram ou quem os fez. Como diz um ditado comum nas minhas Minas Gerais – eu conto o milagre, sem revelar o santo!
Tirem suas conclusões e me digam: a pequena fatia de “quase” 2 por cento de mercado merece ser minada por dentro?
Eis os fatos:
O auto-proclamado mestre-cervejeiro que não sabe elaborar suas receitas
Sim. O cara foi contratado por uma cervejaria para assumir a produção. Recebido como o expert talentoso, encomendou TODAS as receitas de um renomado consultor. Podem argumentar que muita gente compra receitas… mas é certo assina-las como próprias?
A cervejeira que compra cerveja rejeitada por uma fábrica e coloca no mercado como sua
Grande promessa em sua cidade, por ser mulher e estar à frente de uma cervejaria. Motivo de orgulho pra todas nós, inclusive. Mas eis que saber fazer cerveja ela não sabe bem. Então, o recurso é visitar outra cervejaria, não tão pequena mais, e comprar um lote de cerveja que seria descartado por apresentar defeitos sérios, rotular como sua e sair vendendo em eventos, até mesmo em PDVs fixos. Coitado de quem comprou a tal cerveja… e coitado também de quem acreditou no talento da jovem…
A aula de Gruit dada por quem compra infusões já prontas para fazer cerveja
Usar os chás, as infusões, já testados e consagrados não é mal nenhum. Pelo contrário, já tomei algumas cervejas que tiveram acréscimo deles e amei. O que não é certo, a meu ver, é anunciar que faz seus próprios gruits, ensinando técnicas no YouTube, inclusive. Isso é a mais pura falsidade ideológica, ou seja, estelionato!
Contratar o ex-funcionário de uma cervejaria e utilizar a receita que ele aprendeu por lá
Com a explosão da abertura de pequenas, minúsculas cervejarias, em todo o Brasil, é comum empregar pessoas que vieram de outras empresas, até maiores. No entanto é,no mínimo, eticamente duvidoso pedir que tal contratado replique as receitas que fazia em seu antigo emprego. É feio,muito feio entrar no mercado já agindo assim.
Tirar as cervejas concorrentes dos PDVs oferecendo vantagens aos estabelecimentos
Esse é o expediente mais comum das grandes cervejarias, não é? E o mais condenado pelos pequenos produtores. No entanto, há pequenas cervejarias utilizando dessa prática para ter exclusividade nos pontos de venda! Ora… é condenável só quando a Ambev faz isso?? Se uma pequena tira a outra do mercado para se estabelecer está praticando concorrência leal? Era só o que faltava!! Não bastassem as grandes querendo matar as pequenas, agora se instala uma guerra dentro do ninho? Assim nunca chegaremos nem a 2% do mercado!
As ” accidentally sours”
Estão na moda as sours. Pessoalmente eu as adoro. Mas é possível desconfiar quando foram intencionalmente feitas assim e quando foram erros, contaminações, que ganharam um belo “storytelling”. Pior que desconfiar é ter a confirmação que um lote estragou na cervejaria, contaminado por bactérias, e ganhou um novo rótulo classificando o conteúdo como sazonal e sour. Aí não, né? Mais uma vez, falsidade ideológica!
Parcerias e colaborativas conflituosas
O cara é estrangeiro, mas tem se tornado figurinha carimbada no Brasil. Por ser gente boa demais, todo mundo quer fazer cerveja com ele. Ele, por sua vez, dedica sua vida de aposentado a isso mesmo, a fazer cerveja com os outros. Ganha todo mundo, menos o vaidoso mestre-cervejeiro que, ao saber de um plano de colaborativa com um colega de outro estado, resolve ligar para tirar satisfações! Tem graça… agora será preciso pedir permissão para produzir cerveja em conjunto? Aonde está nosso espírito de corpo ( se é que algum dia existiu)?
Minha impressão, gente, é que estamos transferindo para o meio cervejeiro a belicosidade que tomou conta do povo brasileiro… se é concorrente, passa a ser inimigo! É tudo o que não precisamos, hein? Sem união não vamos pra frente nunca!
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
Fabiana,
a sua lista, que já se mostra extensa, de exemplos de práticas inapropriadas nesse mercado, é ainda pequena, uma vez que, infelizmente, sabemos de outras tantas ações que poluem o mercado com “estelionatos” diversos.
Nossa, e eu não sei?? ficaria escrevendo 24 horas seguidas e a listagem nunca estaria completa. Pior é a falta de perspectiva de melhora!
Tem razão CH. Muito triste.
Tem brewpub que pega cerveja de outras cervejaria e serve como “da casa”
Muito bom o artigo! Faltou mais um estelionato, oferecer vaga de estágio voluntário, com a história que a pessoa vai aprender os processos cervejeiros. No mínimo antiético com o candidato e prática de concorrência desleal.
Acho que faltaram muitos estelionatos… estou recebendo tantos outros relatos!
Excelentes observações,
A mentalidade brasileira dês empresa levar vantagem, sempre ser mais esperto do que todo mundo, está em todo lugar. E no meio cervejeiro chegou pra ficar, infelizmente.
Cara colega, suas recomendações são sempre bem-vindas, pois nos dá um norte.
Continue sendo luz nesse meio.
@cerveja100frescura
Tentando dizer o que penso sempre!
boa dia fabiana,
há uns anos escrevi um ensaio sobre essa pauta. se puder passar um e-mail eu lhe envio, pois não tenho redes sociais.
muito boa a reportagem.
contato.paoecerveja@gmail.com
Achei seus comentários muito ácidos , ríspidos , lamentável ter no mundo cervejeiro pessoas com vc! Péssima a matéria , de péssimo gosto , tanto assunto legal pra falar sobre cerveja e vc destilando veneno, que pena , nem vou perder mais meu tempo em ler qualquer coisa escrita por vc ! Adeus
Isto é a liberdade de expressão. Escrevo o que penso. Interpreta como quer o leitor… vejo que a belicosidade que acuso no último parágrafo do texto está instalado no coração do brasileiro que não consegue conviver com o pensamento diferente… ou então estou desagradando aos que praticam o que foi exposto no texto. Vá em paz!
Você diz estelionato, eu digo cretinice, e das grandes. Aqui em Belém do Pará algumas cervejarias estão vendendo cerveja de “segunda lavagem” como se fosse uma só e pior.
Parabéns pelo blog, não o conhecia, sou apenas um cervejeiro de panela paraense mas quanto mais vejo esses “estelionatos cervejeiros” mais tenho vontade de continuar na minha panelinha mesmo.
Continue na panelinha fazendo diferença! É disso que precisamos neste meio: sustentabilidade! Só assim seremos setor. Só assim devemos crescer.
Parabéns Fabiana.
Matéria muito bem escrita e uma ótima chacoalhada na “elite Cervejeira” – código de ética cervejeiro (independente) sob Júdice!!!
Obrigado
Gostei das :As ” accidentally sours” .
Kkkķkkk
É cada uma viu.
Parabéns pelo blog
E bar que se diz referência por que concentra quase todos os lançamentos de cervejas da cidade mas que consegue isto por que ameaça não comprar de quem não lançar a cerveja lá? Como podemos classificar?
E tem cervejaria que se auto prostitui, abrem as pernas para entrarem em grandes redes de supermercados e atacados e se esquecem dos pequenos pontos de vendas que é onde os iniciantes nas cervejas artesanais aprendem a tomar e a escolher suas cervejas. Muitas redes fazem dumping e tem marca que o pessoal só compra na promoção. E muitas vezes estes preços de promoção são inferiores aos preços oferecidos aos pequenos pontos de vendas. Aquela promoção da X-walls nos supermercados a R$4,45 foi ridícula. Bem como da Belo Horizontina a 4,99. Nestes preços nem os pequenos conseguem comprar diretamente dos produtores. Mercado se auto prostitui. To fora, vou diminuir a cada dia minha exposição a cervejas e vou aumentar em outros produtos.
Vixe, a mão da treta chega a tremer! Falta muita coisa bem mais grave nessa lista!
Parabéns pelo texto!
O mais importante é tentarmos inibir tais coisas e manter sadio o nosso mercado
Fabiana,
a sua lista, que já se mostra extensa, de exemplos de práticas inapropriadas nesse mercado, é ainda pequena, uma vez que, infelizmente, sabemos de outras tantas ações que poluem o mercado com “estelionatos” diversos.
Tem razão CH. Muito triste.
Nossa, e eu não sei?? ficaria escrevendo 24 horas seguidas e a listagem nunca estaria completa. Pior é a falta de perspectiva de melhora!
Excelentes observações,
A mentalidade brasileira dês empresa levar vantagem, sempre ser mais esperto do que todo mundo, está em todo lugar. E no meio cervejeiro chegou pra ficar, infelizmente.
Cara colega, suas recomendações são sempre bem-vindas, pois nos dá um norte.
Continue sendo luz nesse meio.
@cerveja100frescura
Tentando dizer o que penso sempre!
Achei seus comentários muito ácidos , ríspidos , lamentável ter no mundo cervejeiro pessoas com vc! Péssima a matéria , de péssimo gosto , tanto assunto legal pra falar sobre cerveja e vc destilando veneno, que pena , nem vou perder mais meu tempo em ler qualquer coisa escrita por vc ! Adeus
Isto é a liberdade de expressão. Escrevo o que penso. Interpreta como quer o leitor… vejo que a belicosidade que acuso no último parágrafo do texto está instalado no coração do brasileiro que não consegue conviver com o pensamento diferente… ou então estou desagradando aos que praticam o que foi exposto no texto. Vá em paz!
Muito bom o artigo! Faltou mais um estelionato, oferecer vaga de estágio voluntário, com a história que a pessoa vai aprender os processos cervejeiros. No mínimo antiético com o candidato e prática de concorrência desleal.
Acho que faltaram muitos estelionatos… estou recebendo tantos outros relatos!
boa dia fabiana,
há uns anos escrevi um ensaio sobre essa pauta. se puder passar um e-mail eu lhe envio, pois não tenho redes sociais.
muito boa a reportagem.
contato.paoecerveja@gmail.com
Parabéns Fabiana.
Matéria muito bem escrita e uma ótima chacoalhada na “elite Cervejeira” – código de ética cervejeiro (independente) sob Júdice!!!
Obrigado
Gostei das :As ” accidentally sours” .
Kkkķkkk
É cada uma viu.
Parabéns pelo blog
Tem brewpub que pega cerveja de outras cervejaria e serve como “da casa”
E bar que se diz referência por que concentra quase todos os lançamentos de cervejas da cidade mas que consegue isto por que ameaça não comprar de quem não lançar a cerveja lá? Como podemos classificar?
Você diz estelionato, eu digo cretinice, e das grandes. Aqui em Belém do Pará algumas cervejarias estão vendendo cerveja de “segunda lavagem” como se fosse uma só e pior.
Parabéns pelo blog, não o conhecia, sou apenas um cervejeiro de panela paraense mas quanto mais vejo esses “estelionatos cervejeiros” mais tenho vontade de continuar na minha panelinha mesmo.
Continue na panelinha fazendo diferença! É disso que precisamos neste meio: sustentabilidade! Só assim seremos setor. Só assim devemos crescer.
Vixe, a mão da treta chega a tremer! Falta muita coisa bem mais grave nessa lista!
Parabéns pelo texto!
O mais importante é tentarmos inibir tais coisas e manter sadio o nosso mercado
E tem cervejaria que se auto prostitui, abrem as pernas para entrarem em grandes redes de supermercados e atacados e se esquecem dos pequenos pontos de vendas que é onde os iniciantes nas cervejas artesanais aprendem a tomar e a escolher suas cervejas. Muitas redes fazem dumping e tem marca que o pessoal só compra na promoção. E muitas vezes estes preços de promoção são inferiores aos preços oferecidos aos pequenos pontos de vendas. Aquela promoção da X-walls nos supermercados a R$4,45 foi ridícula. Bem como da Belo Horizontina a 4,99. Nestes preços nem os pequenos conseguem comprar diretamente dos produtores. Mercado se auto prostitui. To fora, vou diminuir a cada dia minha exposição a cervejas e vou aumentar em outros produtos.