Primeiro veio uma loja – picolés gordos, recheados de calda ou creme. Nem sei se de fato a ideia foi inspirada no México, mas que virou febre rapidinho, isso virou. Depois se viu uma invasão. Em cada esquina, em cada shopping, lá estava um quiosque ou loja das indefectíveis paletas mexicanas. Como se picolé tivesse sido inventado a partir delas! E de repente, sumiram todos do mercado. Talvez porque ninguém mais suportasse o produto sempre igual, no mesmo conceito, sem nenhum acréscimo de inovação. No Brasil temos essa mania de copiar iniciativas que dão certo, sem acrescentar nada de novo, sem avançar na ideia, sem evoluir o conceito. Copiamos o que dá certo acreditando que vamos vender mais, lucrar mais do que o criador, simplesmente porque somos espertos. É aí que mora o perigo: em qualquer segmento, é preciso consistência no que se oferece, do contrário apenas se divide a mesma fatia de bolo, sem que ninguém saia saciado. E o fim melancólico é quase sempre o mesmo: quebradeira! Sendo bastante realista, não pessimista como podem acusar alguns, estamos vivenciando o efeito paleta mexicana na cerveja artesanal. O número de players no mercado cresce, mas o marketshare não!
Dados do Ministério da Agricultura e Pecuária ( corri atrás disso, não é chute) mostram que somente em 2017 foram registradas 91 novas cervejarias no Brasil. Ao todo são 610 cervejarias em funcionamento. O crescimento do número de registros é de seis vezes de 2007 para cá. Entre grandes e microcervejarias, são 7540 produtos registrados competindo no mercado. Mas, como li em um post da Janaína Albino ( Cervejaria Bamberg) no Facebook outro dia, aumenta o número de cervejarias, mas a participação de mercado continua parada em 0,6% … isso é crescimento sustentável?? Dividir a mesma fatia de bolo para cada vez mais bocas é o que entendemos como avanço?
Por enquanto só falei das cervejarias! Não podemos esquecer das cópias de iniciativas que dão certo, sem que se acrescente nada, sem que se avance e se faça mais e melhor. O negócio é entrar no mercado fazendo o mesmo que está dando certo. Criar pra que? Copiar dá menos trabalho, não é? Um evento legal, criativo, é clonado e levado à saturação. Acho que nem mesmo o público mais curioso em relação à cerveja artesanal vai ter interesse em ir a eventos iguais, exatamente com as mesmas cervejas, com as mesmas bandas, com os mesmos food trucks, com preços altos que limitam ainda mais esse público. Acham que quero menos eventos? Pelo contrário, quero cada vez mais! Desde que sejam originais, que mostrem outras facetas e possibilidades da cerveja. Para beber sempre o mesmo e ouvir sempre a mesma música, prefiro fazer eventos caseiros!
Um bar cria um conceito diferente e , obviamente vai atrair clientes. Aí vem o vizinho, mesmo sem ser do ramo, e abre um estabelecimento igual! Às vezes copiando até o nome! Quem aguenta ir sempre aos mesmos locais? Ou a locais idênticos, que não oferecem novas experiências?
O mesmo acontece na minha área. Sou jornalista, trabalho em Rádio há mais de 20 anos. Foi para esse veículo, no qual eu já trabalhava, que criei em 2009 uma coluna sobre cerveja. Não copiei de ninguém, simplesmente porque não havia nada parecido com isso. A cada dia vejo surgirem clones, até mesmo na emissora na qual fundei a coluna Pão e Cerveja, sem que se avance em nada na minha ideia. Não acho sadio reserva de mercado. Nem gostaria de ter exclusividade em programas e colunas de rádio falando de cerveja, afinal é a divulgação dessa cultura o meu maior objetivo. Mas copiar formato, estilo, pautas e entrevistas? É, de novo, o efeito paleta mexicana se manifestando.
Ano passado, escrevi neste blog que esperava que a cerveja artesanal não fosse moda. Continuo esperando, mas constato que é o que acontece! Acho que não há nada a fazer. É simplesmente esperar para ver quem fica e quem não tem consistência para ficar.
Vontade de tomar uma paleta mexicana, eu não tenho, será que ainda há alguém que tenha? Espero que nunca precise perguntar o mesmo sobre cerveja artesanal!
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
Excelente comentário, pertinente e realista. Infelizmente é o que vemos nos novos empreendedores, seja de Cerveja Artesanal (eventos como você disse, sempre muito caros e elitizados). Temos também a mania de Food trucks e Cupcakes, bares e restaurantes gourmets e as academias de Crossfit. Parece que os “novos empreendedores” ficam vendo os canais TLC e Food Network e Discovery H&H, para copiar as tendências que vem dos EUA e Europa. Criatividade zero e copia ao máximo de conceitos importados. Tudo modinha, para cobrar preços exorbitantes. Infelizmente!
Esse movimento é natural. Aparece o criador, o original, logo em seguida vêm as cópias e depois o modismo. Isso chama-se concorrência e oportunidade para os oportunistas, mas no fim do dia, ficam os melhores. O interessante disso tudo é que, o próprio criador sente a necessidade de reinventar-se.
Acho que não! Paleta é supérfulo..rsrs
Hei Fabiana , concordo e tenho me decepcionado bastante ao destampar algumas ” caras ” CERVEJETAS MEXICANAS . Mais uma excelente matéria .
Discordo do seu ponto de vista. O fato de o mercado ter novos produtos a cada dia sem que isso se reflita em um crescimento do market share não é indicativo de modismo. Há 6 anos estamos vivendo uma crise econômica forte, com redução agressiva dos investimentos e da renda disponível para consumo de um bem caro e (admitamos) supérfluo. E ainda assim, o mercado se manteve. E o mercado continua inovando. Venha fazer uma visita a São Paulo e ver os novos brew pubs e tap rooms que surgem a cada dia oferecendo cervejas frescas e de altíssima qualidade. E uma boa fonte para se verificar o interesse genuíno por cerveja artesanal é usar o google trends. Vale a pena conhecer essa ferramenta, que mostra a evolução do interesse (busca) por cada tópico. Digite o termo paleta mexicana e veja como, em um curto período de tempo, o interesse subiu e caiu vertiginosamente, para praticamente desaparecer. Depois digite cerveja artesanal e veja como o crescimento é estável e ocorre por um longo período, apesar de ser baixo (na minha opinião, só não foi mais rápido pela crise que mencionei). Continuo acreditando nesse mercado, espero que você também!
Para reflexão: Cerveja é supérfluo?
Concordo com você, acho que o mercado de cerveja vai mais além. Questão de sociabilidade, de costume, as pessoas vão sempre beber alguma cerveja. O que concordo é que novas possibilidades devem existir, o cara que abre e faz um estilo cru é puro, esse não vai sobreviver, como qualquer outra coisa. Assim é o mercado.
Concordo com a Fabiana quanto ao alto custo de um evento de cerveja artesanal, tem de ser bom para ambos. Cervejarias devem esprener sua margem de lucro encarando como um investimento de MKT. Também tenho preferido eventos caseiros.
Eu mesmo adorava beber cervejas artesanais mas o povo cresceu o olho e agora estão muito caras em uma época que o país esta sem grana. Vejo que essa bolha vai estourar e não vai demorar muito. Tenho um bar em São João de Meriti no Rio e fui o propulsor das cervejas especiais aqui, porém hoje quase não trabalho mais com elas devido a forma surrealista o qual os preços subiram. O estouro vai acontecer e vai ser triste. A AmBev agradece.
Perfeita análise…
E anote aí! Quando esse monte de cervejaria genérica começar a definhar, culparão única e exclusivamente a AMBEV, dizendo que ela é quem engole as pequenas.
Não concordo.
Bastante interessante o texto!
Espero sinceramente que não seja só moda e que cresça cada vez mais e principalmente fique mais acessível, pois me tornei um grande apaixonado pelas cervejas artesanais.
Conhecimento de mercado não tenho praticamente nada, mas da minha visão de consumidor, o que eu já notei há algum tempo é que tudo se concentra demais nas capitais e grandes cidades, e basta se afastar um pouco pra não encontrar mais nenhuma cerveja melhorzinha pra degustar… moro em BH e aqui está lotado de opções, além de eventos cada vez mais repetitivos (como citado no texto), mas quando vou pra qualquer cidade menor, tipo Pará de Minas que é minha cidade natal, tenho que me contentar com as mesmas cervejas de milho horríveis de décadas atrás!
Talvez esse poderia ser um caminho pra se buscar um crescimento mais sustentável, criar novas opções em cidades onde a cerveja boa de verdade ainda não foi descoberta!
O que você relata é comprovado na concentração do número de cervejarias nos estados do Sul/sudeste do país. O dado também faz parte da estatística do MAPA na qual me baseei para o texto. No Nordeste, por exemplo, há 6% de cervejarias apenas, entre as 650em funcionamento no país. Interiorizar é um caminho desbravador, não é? Dá mais trabalho do que tentar abocanhar um pedacinho do mercado já aberto.
Sim, esse é o caminho. A união das micro cervejarias em prol de uma distribuição nacional. E regionalização das nano cervejarias caminhando pros novos mercados do interior e regiões ainda pouco exploradas do país
No meu entendimento, estamos em uma fase inicial da Maturação deste mercado. As franquias de Paletas Mexicanas ou Frozen de Iogurte são boas para ilustrar o movimento de boom, mas não para a Maturação de mercado que vem a seguir. Digo isto, pois cerveja é um produto de alto consumo em todo o mundo e o market share das cervejas especiais (artesanais ou não) ainda é pequeno no Brasil. Certamente virá a consolidação de várias das cervejarias artesanais e o desaparecimento de outras, além de uma pressão para redução dos custos e preços ao consumidor, que já vem acontecendo, mas ainda são muito descolados das cervejas de massa. Na Europa e EUA, por exemplo, paga-se a partir de 30% a mais por uma cerveja especial quando comparada a uma cerveja de massa (Bud, Heineken, Amstel). Aqui os preços das cervejas especiais ainda são bastante elevados, da ordem de pelo menos 4x, o que compromete o avanço do market share.
No meu ponto de vista, uma forma de consolidar a permanência da cerveja artesanal é divulgar e difundir a possibilidade de produção caseira. Não com o intuito de comercialização, mas de forma a aumentar o número de pessoas conscientes da diversidade e possibilidades que a artesanal se propõe. Quem produz sua própria cerveja, raramente cai no canto da sereia do marketing. Consome o que é bom e criativo. Com relação ao mercado, que sabe se reinventar sobreviverá e aquele que é mais do mesmo sumirá, como as paletas.
Amo cerveja de qualidade. Porém cerveja é supérfluo, em tempo de crise é a primeira coisa a ser cortada. Desteto “food trucks” e esses eventos “gourmet” elitizados. Isso pra mim é puro modismo. Concordo com o brother acima. Hoje pelas informações que agora estão disponíveis como receitas e tutoriais, materiais para produção mais baratos e acessíveis, acredito que consolidação das cervejas artesanais se dará pela produção caseira (homebrew) . Tenho vários amigos cervejeiros que primeiro produzem para si e comercializam apenas o excedente (geralmente só pára amigos, sem empresa registrada, sem pagar imposto). Essa filosofia do “faça você mesmo” (e também do “não compre plante”) sempre me agradou e é bem diferente do modismo. Essa com certeza veio pra ficar.
Oi Fabiana
Interessante seu post.
Eu não acredito que o mercado de cervejas especiais/artesanais venha a vivenciar esse “sobe e some” vivido por vários desses “modismos” citados por ti. Acredito nisso pois percebemos que os consumidores, quando começam a beber cervejas com mais sabor, mais especiais, muito dificilmente voltam a beber cervejas comerciais, sem nenhuma personalidade.
Por outro lado, o que acho, é que a velocidade de abertura de novas cervejarias é maior que a velocidade com que novos consumidores são “fisgados” pelas especiais. Isso acaba gerando essa situação difícil, em que ninguém, ou poucos, conseguem crescer suas cervejarias e conquistar maior participação de mercado.
Sobram cervejarias, faltam novos consumidores.
Abraços
Também não acredito que cerveja artesanal seja moda. Tanto assim que no texto coloco o link para outro post, escrito no ano passado, sobre isso. O que acho é que faltam novas proposições para este mercado. Ele não tem volta, sem dúvida. O que precisamos é entender como aumentar essa participação de mercado e conquistar de fato novos consumidores.
Concordo, Fabiana. Inovação é sempre bem vinda. Mas, a não ser que a Inovação seja no sentido de aliar receitas e técnicas de qualidade, melhorar a cadeia de suprimentos, distribuicao e outras formas de reduzir custos e preços, discordo que esse seja o principal ponto do não aumento de marketshare. Receitas legais já existem aos milhares. Enquanto uma longneck de cerveja artesanal custar 4x mais que uma cerveja puro malte de massa no supermercado, o mercado ficará estagnado. O consumidor faz o julgamento seja no bar, na gôndola do supermercado ou na boca do caixa. A fatia de mercado que pode e aceita pagar os altos preços é limitada mesmo. Como eu disse acima, esse preço premium pelas cervejas especiais não passa de 1,5x em países com mercados maduros (EUA e Europa). Dito isto, sou fã de cerveja especiais desde 2002, fã de home brew e estou sempre apreciando e torcendo pelo mercado!
Texto infantil de quem julga estar acima, que seria a ela a ditar tendências. O mercado é isso mesmo, se adapta, tem seleção natural, destruição criadora … ao invés de estar preocupada com as restrições impostas pelo governo, critica quem inova. Vai entender.
Bem pelo contrário,a crítica é para quem NÃO inova. Tá cheio disso por aí. E você? Está inovando em que mesmo?
rapaz, infantil foi sua postura ao escrever nesse tom. você cita “seleção natural”, mostrando absoluta ignorância sobre o assunto e em entender aquilo que lê (sic).
ademais fabiana, gostaria de apontar a qualidade duvidosa das cervejas artesanais que aparecem a cada dia. muitos cervejeiros (sic) sequer já ouviram falar em “análise química” e controle de qualidade daquilo que dizem produzir.
Concordo com sua analise Fabiana! Realmente temos visto isso mais e mais vezes. Estamos no mercado de distribuição de Cervejas artesanais desde 2009 e o que temos visto são os novo players batendo sempre nas portas dos clientes que ja foram abertos e com as propostas das mais indecorosas: produtos bonificados ou preços subsidiados. Só para tirar quem ja estava la… Realmente ha que se pensar em como lidar com esta falta de criatividade e preguiça de ir atras de desenvolver novos mercados e conquistar de fato uma parcela relevante do mercado! Vale a reflexão.
Interessante que tenho recebido críticas contrárias, o que acho super sadio, mas ninguém consegue me apontar o que há de inovação… por que será?
O problema é que todos querem uma fatia desse mercado, mas não qrem trazer o mais importante.
Competitividade, acessibilidade com qualidade.
Todos querem lucrar muito em pouco tempo, querem vender cervejas caseiras por preços altos impossibilitando que tal prazer chegue a classe mais baixa e mantenedora do maior poder de compra do País.
Quando uma cervejaria inovar e diversificar com preços ai veremos um mercado novo nascendo.
HOje é apenas mais do mesmo, tem cervejarias ótimas no Brasil, mas muita não são tão boas e cobram o mesmo preço ou mais caro que uma Paulaner.
Muito legal o texto, acho que é um assunto que deve ser realmente discutido. Mas não concordo com a visão do mercado atual Cervejeiro descrito no texto. Aqui no Rio pelo menos tem surgido eventos que se diferenciam sim, por exemplo, semana que vem tem o Repense Cerveja (nome bem sugestivo) onde será um evento fechado Open bar e com 10 cervejas colaborativas criadas EXCLUSIVAMENTE para o evento! Há pouco tempo teve um evento da Hocus Pocus junto com a Dogna onde lançaram 5 cervejas novas + 1 colaborativa também exclusiva do evento. Existem eventos fechados acontecendo onde é oferecido uma experiência de harmonização com comida…
E por aí vai!
Sem falar das inúmeras cervejas que são lançadas com um pensamento “fora da caixa”, cerveja com goiaba, maracujá, açaí, cerveja sem lúpulo, estilos esquecidos como Berliner tem ganho versões novas…
Acho que existe muita coisa nova e boa acontecendo, basta procurar e estar aberto!
Que bom saber que no RJ existem novas fórmulas. Repense Cerveja é mesmo um puta evento, diferente do que tem sido feito. Berliner já não é um estilo esquecido há bastante tempo, né? Toda cervejaria atualmente tem a sua Berliner pra chamar de sua! E o uso de frutas na cerveja também já deixou de ser novidade há pelo menos uns 5 anos. Vai chegar o dia que novidade será encontrar cervejas muito boas feitas apenas com malte, água, lúpulo e levedura! Pra ver como damos voltas em círculos!
nesse caso bem específico, às largers pilsens não se dão a atenção merecida…o básico!
a baixa qualidade é alarmante e é aí que as grandes nem se preocupam, pois o marketshare de largers dificilmente sairá das mãos da ab inbev, heineken e Itaipava, que ampliou seu portfólio de forma bastante interessante com a ampolis, cidade imperial e a império.
Complicado falar em inovação de um produto que se baseia numa receita usada da mesma forma à milênios. Veja o mercado belga, theco, alemão, americano. As cervejas são as mesmas a séculos, não é necessário inovar de forma grosseira na receita só pra tentar fazer algo diferente. Uma IPA é uma IPA e ponto final, o que se muda é a carga de lúpulo e teor alcoólico basicamente. O que mais poderia ser feito? Jogar fruta na receita? Acho que certos produtos tem limite para inovação. Existe uma infinidade de produtos que são os mesmos desde a sua criação e vão ser assim até o fim dos tempos (Coca-Cola por exemplo).
O que está acontecendo no Brasil é mais do mesmo, onde as coisas chegam atrasadas e quando são descobertas pelo povo, ocorre esse boom natural. Agora o mercado com o tempo se regula e os fortes sobrevivem . EUA tem milhares de microcervejarias e cervejeiros de panela e nem por isso precisaram reinventar a roda.
Mesma coisa com relação aos eventos: a anos e anos que todos fazem a mesma coisa indo aos mesmos shows, mesmos restaurantes, mesmas boates. Porque um evento cervejeiro que é recente no cenário nacional tem que inovar?
A galera quer é produto de de qualidade a preço acessível! Cerveja não é moda, é um dos produtos mais consumidos no mundo e tem bastante espaço ainda. Essa frescura de gourmet que atrapalha, logo isso passa e segue o baile.
Acho que não! Paleta é supérfulo..rsrs
Excelente comentário, pertinente e realista. Infelizmente é o que vemos nos novos empreendedores, seja de Cerveja Artesanal (eventos como você disse, sempre muito caros e elitizados). Temos também a mania de Food trucks e Cupcakes, bares e restaurantes gourmets e as academias de Crossfit. Parece que os “novos empreendedores” ficam vendo os canais TLC e Food Network e Discovery H&H, para copiar as tendências que vem dos EUA e Europa. Criatividade zero e copia ao máximo de conceitos importados. Tudo modinha, para cobrar preços exorbitantes. Infelizmente!
Hei Fabiana , concordo e tenho me decepcionado bastante ao destampar algumas ” caras ” CERVEJETAS MEXICANAS . Mais uma excelente matéria .
Esse movimento é natural. Aparece o criador, o original, logo em seguida vêm as cópias e depois o modismo. Isso chama-se concorrência e oportunidade para os oportunistas, mas no fim do dia, ficam os melhores. O interessante disso tudo é que, o próprio criador sente a necessidade de reinventar-se.
Eu mesmo adorava beber cervejas artesanais mas o povo cresceu o olho e agora estão muito caras em uma época que o país esta sem grana. Vejo que essa bolha vai estourar e não vai demorar muito. Tenho um bar em São João de Meriti no Rio e fui o propulsor das cervejas especiais aqui, porém hoje quase não trabalho mais com elas devido a forma surrealista o qual os preços subiram. O estouro vai acontecer e vai ser triste. A AmBev agradece.
No meu entendimento, estamos em uma fase inicial da Maturação deste mercado. As franquias de Paletas Mexicanas ou Frozen de Iogurte são boas para ilustrar o movimento de boom, mas não para a Maturação de mercado que vem a seguir. Digo isto, pois cerveja é um produto de alto consumo em todo o mundo e o market share das cervejas especiais (artesanais ou não) ainda é pequeno no Brasil. Certamente virá a consolidação de várias das cervejarias artesanais e o desaparecimento de outras, além de uma pressão para redução dos custos e preços ao consumidor, que já vem acontecendo, mas ainda são muito descolados das cervejas de massa. Na Europa e EUA, por exemplo, paga-se a partir de 30% a mais por uma cerveja especial quando comparada a uma cerveja de massa (Bud, Heineken, Amstel). Aqui os preços das cervejas especiais ainda são bastante elevados, da ordem de pelo menos 4x, o que compromete o avanço do market share.
Bastante interessante o texto!
Espero sinceramente que não seja só moda e que cresça cada vez mais e principalmente fique mais acessível, pois me tornei um grande apaixonado pelas cervejas artesanais.
Conhecimento de mercado não tenho praticamente nada, mas da minha visão de consumidor, o que eu já notei há algum tempo é que tudo se concentra demais nas capitais e grandes cidades, e basta se afastar um pouco pra não encontrar mais nenhuma cerveja melhorzinha pra degustar… moro em BH e aqui está lotado de opções, além de eventos cada vez mais repetitivos (como citado no texto), mas quando vou pra qualquer cidade menor, tipo Pará de Minas que é minha cidade natal, tenho que me contentar com as mesmas cervejas de milho horríveis de décadas atrás!
Talvez esse poderia ser um caminho pra se buscar um crescimento mais sustentável, criar novas opções em cidades onde a cerveja boa de verdade ainda não foi descoberta!
O que você relata é comprovado na concentração do número de cervejarias nos estados do Sul/sudeste do país. O dado também faz parte da estatística do MAPA na qual me baseei para o texto. No Nordeste, por exemplo, há 6% de cervejarias apenas, entre as 650em funcionamento no país. Interiorizar é um caminho desbravador, não é? Dá mais trabalho do que tentar abocanhar um pedacinho do mercado já aberto.
Sim, esse é o caminho. A união das micro cervejarias em prol de uma distribuição nacional. E regionalização das nano cervejarias caminhando pros novos mercados do interior e regiões ainda pouco exploradas do país
Perfeita análise…
E anote aí! Quando esse monte de cervejaria genérica começar a definhar, culparão única e exclusivamente a AMBEV, dizendo que ela é quem engole as pequenas.
Concordo com sua analise Fabiana! Realmente temos visto isso mais e mais vezes. Estamos no mercado de distribuição de Cervejas artesanais desde 2009 e o que temos visto são os novo players batendo sempre nas portas dos clientes que ja foram abertos e com as propostas das mais indecorosas: produtos bonificados ou preços subsidiados. Só para tirar quem ja estava la… Realmente ha que se pensar em como lidar com esta falta de criatividade e preguiça de ir atras de desenvolver novos mercados e conquistar de fato uma parcela relevante do mercado! Vale a reflexão.
Interessante que tenho recebido críticas contrárias, o que acho super sadio, mas ninguém consegue me apontar o que há de inovação… por que será?
Texto infantil de quem julga estar acima, que seria a ela a ditar tendências. O mercado é isso mesmo, se adapta, tem seleção natural, destruição criadora … ao invés de estar preocupada com as restrições impostas pelo governo, critica quem inova. Vai entender.
rapaz, infantil foi sua postura ao escrever nesse tom. você cita “seleção natural”, mostrando absoluta ignorância sobre o assunto e em entender aquilo que lê (sic).
ademais fabiana, gostaria de apontar a qualidade duvidosa das cervejas artesanais que aparecem a cada dia. muitos cervejeiros (sic) sequer já ouviram falar em “análise química” e controle de qualidade daquilo que dizem produzir.
Bem pelo contrário,a crítica é para quem NÃO inova. Tá cheio disso por aí. E você? Está inovando em que mesmo?
Amo cerveja de qualidade. Porém cerveja é supérfluo, em tempo de crise é a primeira coisa a ser cortada. Desteto “food trucks” e esses eventos “gourmet” elitizados. Isso pra mim é puro modismo. Concordo com o brother acima. Hoje pelas informações que agora estão disponíveis como receitas e tutoriais, materiais para produção mais baratos e acessíveis, acredito que consolidação das cervejas artesanais se dará pela produção caseira (homebrew) . Tenho vários amigos cervejeiros que primeiro produzem para si e comercializam apenas o excedente (geralmente só pára amigos, sem empresa registrada, sem pagar imposto). Essa filosofia do “faça você mesmo” (e também do “não compre plante”) sempre me agradou e é bem diferente do modismo. Essa com certeza veio pra ficar.
O problema é que todos querem uma fatia desse mercado, mas não qrem trazer o mais importante.
Competitividade, acessibilidade com qualidade.
Todos querem lucrar muito em pouco tempo, querem vender cervejas caseiras por preços altos impossibilitando que tal prazer chegue a classe mais baixa e mantenedora do maior poder de compra do País.
Quando uma cervejaria inovar e diversificar com preços ai veremos um mercado novo nascendo.
HOje é apenas mais do mesmo, tem cervejarias ótimas no Brasil, mas muita não são tão boas e cobram o mesmo preço ou mais caro que uma Paulaner.
Oi Fabiana
Interessante seu post.
Eu não acredito que o mercado de cervejas especiais/artesanais venha a vivenciar esse “sobe e some” vivido por vários desses “modismos” citados por ti. Acredito nisso pois percebemos que os consumidores, quando começam a beber cervejas com mais sabor, mais especiais, muito dificilmente voltam a beber cervejas comerciais, sem nenhuma personalidade.
Por outro lado, o que acho, é que a velocidade de abertura de novas cervejarias é maior que a velocidade com que novos consumidores são “fisgados” pelas especiais. Isso acaba gerando essa situação difícil, em que ninguém, ou poucos, conseguem crescer suas cervejarias e conquistar maior participação de mercado.
Sobram cervejarias, faltam novos consumidores.
Abraços
Também não acredito que cerveja artesanal seja moda. Tanto assim que no texto coloco o link para outro post, escrito no ano passado, sobre isso. O que acho é que faltam novas proposições para este mercado. Ele não tem volta, sem dúvida. O que precisamos é entender como aumentar essa participação de mercado e conquistar de fato novos consumidores.
Concordo, Fabiana. Inovação é sempre bem vinda. Mas, a não ser que a Inovação seja no sentido de aliar receitas e técnicas de qualidade, melhorar a cadeia de suprimentos, distribuicao e outras formas de reduzir custos e preços, discordo que esse seja o principal ponto do não aumento de marketshare. Receitas legais já existem aos milhares. Enquanto uma longneck de cerveja artesanal custar 4x mais que uma cerveja puro malte de massa no supermercado, o mercado ficará estagnado. O consumidor faz o julgamento seja no bar, na gôndola do supermercado ou na boca do caixa. A fatia de mercado que pode e aceita pagar os altos preços é limitada mesmo. Como eu disse acima, esse preço premium pelas cervejas especiais não passa de 1,5x em países com mercados maduros (EUA e Europa). Dito isto, sou fã de cerveja especiais desde 2002, fã de home brew e estou sempre apreciando e torcendo pelo mercado!
Discordo do seu ponto de vista. O fato de o mercado ter novos produtos a cada dia sem que isso se reflita em um crescimento do market share não é indicativo de modismo. Há 6 anos estamos vivendo uma crise econômica forte, com redução agressiva dos investimentos e da renda disponível para consumo de um bem caro e (admitamos) supérfluo. E ainda assim, o mercado se manteve. E o mercado continua inovando. Venha fazer uma visita a São Paulo e ver os novos brew pubs e tap rooms que surgem a cada dia oferecendo cervejas frescas e de altíssima qualidade. E uma boa fonte para se verificar o interesse genuíno por cerveja artesanal é usar o google trends. Vale a pena conhecer essa ferramenta, que mostra a evolução do interesse (busca) por cada tópico. Digite o termo paleta mexicana e veja como, em um curto período de tempo, o interesse subiu e caiu vertiginosamente, para praticamente desaparecer. Depois digite cerveja artesanal e veja como o crescimento é estável e ocorre por um longo período, apesar de ser baixo (na minha opinião, só não foi mais rápido pela crise que mencionei). Continuo acreditando nesse mercado, espero que você também!
Para reflexão: Cerveja é supérfluo?
Concordo com você, acho que o mercado de cerveja vai mais além. Questão de sociabilidade, de costume, as pessoas vão sempre beber alguma cerveja. O que concordo é que novas possibilidades devem existir, o cara que abre e faz um estilo cru é puro, esse não vai sobreviver, como qualquer outra coisa. Assim é o mercado.
Concordo com a Fabiana quanto ao alto custo de um evento de cerveja artesanal, tem de ser bom para ambos. Cervejarias devem esprener sua margem de lucro encarando como um investimento de MKT. Também tenho preferido eventos caseiros.
No meu ponto de vista, uma forma de consolidar a permanência da cerveja artesanal é divulgar e difundir a possibilidade de produção caseira. Não com o intuito de comercialização, mas de forma a aumentar o número de pessoas conscientes da diversidade e possibilidades que a artesanal se propõe. Quem produz sua própria cerveja, raramente cai no canto da sereia do marketing. Consome o que é bom e criativo. Com relação ao mercado, que sabe se reinventar sobreviverá e aquele que é mais do mesmo sumirá, como as paletas.
Não concordo.
Muito legal o texto, acho que é um assunto que deve ser realmente discutido. Mas não concordo com a visão do mercado atual Cervejeiro descrito no texto. Aqui no Rio pelo menos tem surgido eventos que se diferenciam sim, por exemplo, semana que vem tem o Repense Cerveja (nome bem sugestivo) onde será um evento fechado Open bar e com 10 cervejas colaborativas criadas EXCLUSIVAMENTE para o evento! Há pouco tempo teve um evento da Hocus Pocus junto com a Dogna onde lançaram 5 cervejas novas + 1 colaborativa também exclusiva do evento. Existem eventos fechados acontecendo onde é oferecido uma experiência de harmonização com comida…
E por aí vai!
Sem falar das inúmeras cervejas que são lançadas com um pensamento “fora da caixa”, cerveja com goiaba, maracujá, açaí, cerveja sem lúpulo, estilos esquecidos como Berliner tem ganho versões novas…
Acho que existe muita coisa nova e boa acontecendo, basta procurar e estar aberto!
Que bom saber que no RJ existem novas fórmulas. Repense Cerveja é mesmo um puta evento, diferente do que tem sido feito. Berliner já não é um estilo esquecido há bastante tempo, né? Toda cervejaria atualmente tem a sua Berliner pra chamar de sua! E o uso de frutas na cerveja também já deixou de ser novidade há pelo menos uns 5 anos. Vai chegar o dia que novidade será encontrar cervejas muito boas feitas apenas com malte, água, lúpulo e levedura! Pra ver como damos voltas em círculos!
nesse caso bem específico, às largers pilsens não se dão a atenção merecida…o básico!
a baixa qualidade é alarmante e é aí que as grandes nem se preocupam, pois o marketshare de largers dificilmente sairá das mãos da ab inbev, heineken e Itaipava, que ampliou seu portfólio de forma bastante interessante com a ampolis, cidade imperial e a império.
Complicado falar em inovação de um produto que se baseia numa receita usada da mesma forma à milênios. Veja o mercado belga, theco, alemão, americano. As cervejas são as mesmas a séculos, não é necessário inovar de forma grosseira na receita só pra tentar fazer algo diferente. Uma IPA é uma IPA e ponto final, o que se muda é a carga de lúpulo e teor alcoólico basicamente. O que mais poderia ser feito? Jogar fruta na receita? Acho que certos produtos tem limite para inovação. Existe uma infinidade de produtos que são os mesmos desde a sua criação e vão ser assim até o fim dos tempos (Coca-Cola por exemplo).
O que está acontecendo no Brasil é mais do mesmo, onde as coisas chegam atrasadas e quando são descobertas pelo povo, ocorre esse boom natural. Agora o mercado com o tempo se regula e os fortes sobrevivem . EUA tem milhares de microcervejarias e cervejeiros de panela e nem por isso precisaram reinventar a roda.
Mesma coisa com relação aos eventos: a anos e anos que todos fazem a mesma coisa indo aos mesmos shows, mesmos restaurantes, mesmas boates. Porque um evento cervejeiro que é recente no cenário nacional tem que inovar?
A galera quer é produto de de qualidade a preço acessível! Cerveja não é moda, é um dos produtos mais consumidos no mundo e tem bastante espaço ainda. Essa frescura de gourmet que atrapalha, logo isso passa e segue o baile.