Outro dia, em uma brincadeira no meu stories do Instragram, mostrei minhas impressões sobre a Skol Hops, o lançamento da Ambev neste ano. Não vou dizer que não tive preconceito, isso seria mentira. Tomei já querendo não gostar. E não gostei mesmo! Para mim continua sendo a Skol com gosto de papelão, só que com um leve aroma de lúpulo. Afinal, para quem está acostumado a tomar cervejas muito lupuladas, tanto em amargor quanto em aroma, não fez grande diferença. Mas, para quem viu o vídeo, coloquei o contraditório, mostrando a opinião de quem toma Skol sempre, no caso a da Esther, estudante em Ouro Preto, moradora de república estudantil na cidade, cujo poder aquisitivo permite apenas cervejas baratas. Skol é a moeda corrente por lá. Discordando totalmente de mim, ela achou a cerveja muito diferente e percebeu o aroma de lúpulo, que na opinião dela, se sobressai bastante. Nas palavras dela ” eu gostei porque tem cheiro de cerveja artesanal, mas gostinho leve, sem aquele amargor incômodo.” Foi aí que eu compreendi que o público que a gigante Ambev queria atingir é aquele que já teve contato com a cerveja artesanal, mas ainda não fez a transição de consumo. Parodiando Milton Nascimento, que diz que todo artista tem de ir aonde o povo está, entendi que toda cerveja tem de ir aonde o público está!
Mas para ir ao encontro do seu público é preciso delimitar qual ele é, não? E isso Ambev, Heineken, sabem fazer muito bem! Pesquisam tendências de consumo, pesquisam costumes, se antecipam no que será demanda mais adiante. Talvez seja essa estratégia que falte ainda ao segmento das cervejas artesanais. Tentamos conquistar mais público e sem isso não há como fazer o mercado crescer. Mas sabemos qual público queremos conquistar? Sabemos como falar a linguagem desse público? Sabemos nos antecipar oferecendo aquilo que esse público é capaz de assimilar?
Encaramos como nosso grande inimigo a Ambev, mas talvez nosso foco esteja errado. É preciso brigar sim contra o monopólio e contra as práticas de dumping que ela pratica, mas não utilizando as mesmas armas. Nem teríamos como fazer isso. A estratégia do inimigo é que precisa ser estudada e aplicada em cada batalha. Compreender antes o que o público nem sabe que vai preferir é o grande lance. E não ter medo de produzir aquilo que o público quer. Ainda que seja necessário voltar alguns passos em nossas preferências de conhecedores.
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Ouça aqui os áudios da coluna Pão e Cerveja na Rádio CDL FM
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
Finalmente alguém do mundo cervejeiro entendeu o mercado. Concordo com tudo que você disse. Ambev, como qualquer empresa, visa lucro. Alguém trabalha de graça? O que deve ser punido severamente é o monopólio e as práticas criminosas dela de dumping (você disse tudo!).
O mesmo pode ser dito quando criaram “cerveja para mulher”. Ninguém parece ter percebido que eles apenas queriam atingir um público. Ninguém quer dizer que mulher não sabe beber cerveja. É apenas o mercado tentando maximizar seu lucro atingindo quem não é muito de beber cerveja que amarga (o que ninguém pode negar que as mulheres compõem a maior parcela desse grupo).
Os cervejeiros pequenos às vezes parecem acreditar que o mercado é um mundo cor de rosa no qual seus consumidores compram suas cervejas porque são pequenos e bonitinhos. Eu compro cerveja artesanal porque a qualidade costuma ser melhor e não porque eles são algum tipo de Don Quixote lutando contra a malvada Ambev. Eu quero qualidade e preço. Sou consumidor. Quem me oferecer o melhor dos mundos, terá meu dinheiro. Enquanto a Ambev está ganhando rios de dinheiro “lendo” o desejo do público, os cervejeiros artesanais continuam lutando contra moinhos de vento.
Eu costumo dizer que as microcervejarias “conversam” apenas para 1% do mercado e assim continuam a definir
e a manter as estratégias (quando elas existem) para esse público… Sabe? Vender as cervejas que adoram produzir (que por sinal eu adoro beber) para as mesmas pessoas. Sei que não é regra, mas ainda não aprendemos a lidar com os outros 99% de potenciais consumidores. Precisamos amadurecer muito e sair do romantismo.
Não é?
Finalmente alguém do mundo cervejeiro entendeu o mercado. Concordo com tudo que você disse. Ambev, como qualquer empresa, visa lucro. Alguém trabalha de graça? O que deve ser punido severamente é o monopólio e as práticas criminosas dela de dumping (você disse tudo!).
O mesmo pode ser dito quando criaram “cerveja para mulher”. Ninguém parece ter percebido que eles apenas queriam atingir um público. Ninguém quer dizer que mulher não sabe beber cerveja. É apenas o mercado tentando maximizar seu lucro atingindo quem não é muito de beber cerveja que amarga (o que ninguém pode negar que as mulheres compõem a maior parcela desse grupo).
Os cervejeiros pequenos às vezes parecem acreditar que o mercado é um mundo cor de rosa no qual seus consumidores compram suas cervejas porque são pequenos e bonitinhos. Eu compro cerveja artesanal porque a qualidade costuma ser melhor e não porque eles são algum tipo de Don Quixote lutando contra a malvada Ambev. Eu quero qualidade e preço. Sou consumidor. Quem me oferecer o melhor dos mundos, terá meu dinheiro. Enquanto a Ambev está ganhando rios de dinheiro “lendo” o desejo do público, os cervejeiros artesanais continuam lutando contra moinhos de vento.
Eu costumo dizer que as microcervejarias “conversam” apenas para 1% do mercado e assim continuam a definir
e a manter as estratégias (quando elas existem) para esse público… Sabe? Vender as cervejas que adoram produzir (que por sinal eu adoro beber) para as mesmas pessoas. Sei que não é regra, mas ainda não aprendemos a lidar com os outros 99% de potenciais consumidores. Precisamos amadurecer muito e sair do romantismo.
Não é?