Nos últimos tempos não me canso de ver brincadeirinhas, memes, provocações, apelidos e até críticas bem mais contundentes em relação ao sommelier de cerveja, ofício que apesar de não ter regulamentação no país, tem sido adotado por centenas de pessoas. Entendo que, como em qualquer profissão, há muita gente boa exercendo a atividade, assim como há péssimos profissionais, ou anti-profissionais, em exercício. A falta de profissionalismo ou de competência de uns não pode, no entanto, ser generalizada e adotada como argumento para as críticas um tanto quanto pesadas que vejo. Na semana passada um brasileiro, o Rodrigo Sawamura ficou entre os três melhores sommelières do mundo, competindo na Alemanha com profissionais de todos os países. Ele repetiu o feito da brasileira Tatiana Spogis em 2013. Isso é um feito e tanto. É fruto de muito estudo, muita dedicação. E deveria ser motivo de orgulho para todos do segmento cervejeiro do Brasil. Em vez disso, é motivo para troça. E eu me pergunto: por que? O que faz com que o sommelier de cerveja incomode tanta gente?
Em 2010 quando, entre tantos nomes conhecidos, fui uma das alunas da primeira turma Doemens no Brasil, conduzida pela sempre excelente Cilene Saorin, procurava formação para ter propriedade ao falar de cerveja, o que eu já fazia no meu programa Pão e Cerveja. Não havia em mim, nem em qualquer dos outros 39 alunos, terceiras intenções, vontade de usurpar de uma profissão. Pelo contrário, eram vários mestres-cervejeiros nessa turma, já atuantes no mercado, que aceitaram o desafio de aprender aquele ofício, novidade para nós, a fim de apresentar da melhor forma a cerveja artesanal ao público leigo. Ali, mesmo conhecendo o conteúdo administrado, nos colocamos na posição de aprendizes, sem querer provar nada a ninguém. Nessa turma se formaram pessoas super respeitadas, que já atuavam e ainda atuam hoje no mercado com toda confiabilidade: Amanda Reitenbach, Carolina Oda, Bia Amorim, Alexandre e Janaína Bazzo, Herbert Schumacher, Tatiana Spogis, Marcelo Moss, Marcelo Cury, Diego Cartier, Marco Falcone, Kátia Jorge, citando apenas alguns. Como apontar o dedo para eles e dizer que são “cheiradores de copo” chatos e sem conhecimento?
Hoje temos no Brasil escolas de renome como o Instituto da Cerveja Brasil, Science of Beer, Escola Superior de Cerveja e Malte e a Academia Sommelier de Cerveja ( da qual sou sócia fundadora) com trabalho sério, formando pessoas interessadas em conhecer a cerveja mais profundamente. Centenas de alunos formados nessas escolas desempenham um papel fundamental no mercado, fazendo a interface entre produtores de cerveja e os consumidores, sedentos ( desculpem o trocadilho óbvio) em saber mais sobre a bebida. E que mal há nisso? Que mal pode haver em buscar estudo, ainda que a carga horária de 100 horas/aula não corresponda a um curso extenso? Melhor estudar, buscar conhecimento, do que sair por aí espalhando mitos e inverdades tiradas da internet.
Definir compra de rótulos, analisar cerveja em fábrica, avaliar cervejas pelo mundo afora, conduzir degustações, montar harmonizações com cerveja, dar aulas e palestras, explicar cerveja no rádio são atividades pelas quais respondo hoje como sommelier de cerveja. Não acho que sejam um trabalho fácil e muito menos desnecessário. Por isso fiz este post desabafo e peço: respeitem mais o esforço de quem procura o ofício de sommelier de cerveja. Olhem o profissional com outros olhos. Não tomem a parte pelo todo, alegando que há aproveitadores e pedintes de cerveja gratuita.
O Sommelier de Cervejas é importante para um mercado em formação como o nosso. Tenho muito orgulho de ser uma e de formar com seriedade tantos outros.
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Ouça aqui a coluna Pão e Cerveja da Rádio CDL FM
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
Valeu e isso mesmo
Concordo com você. Parabéns pelo post!
No interior ainda não valorizam o sommelier….dizem que os apps trazem as mesmas informações que uma degustação guiada, por exemplo! Estamos caminhando por aqui, acredito em uma mudança de comportamento, que somente o conhecimento poderá trazer.
Os apps respondem de pronto a qualquer dúvida de um cliente? Os apps trazem informações sobre toda e qualquer harmonização? Ou trazem casamentos óbvios, com estilos óbvios, sem qualquer novidade? É muito absurdo alguém dizer isso! Fora os erros grosseiros que as mídias virtuais trazem. Precisamos avançar mesmo!
Olá,
Li o texto mas sinceramente não ficou claro é explícito no texto o porquê que o sommelier de cerveja incomoda as pessoas!
Na verdade faço uma pergunta. O ponto de interrogação deixa isso bem claro. E eu também gostaria de saber por que o incômodo. Quero respostas!
Valeu e isso mesmo
Concordo com você. Parabéns pelo post!
No interior ainda não valorizam o sommelier….dizem que os apps trazem as mesmas informações que uma degustação guiada, por exemplo! Estamos caminhando por aqui, acredito em uma mudança de comportamento, que somente o conhecimento poderá trazer.
Os apps respondem de pronto a qualquer dúvida de um cliente? Os apps trazem informações sobre toda e qualquer harmonização? Ou trazem casamentos óbvios, com estilos óbvios, sem qualquer novidade? É muito absurdo alguém dizer isso! Fora os erros grosseiros que as mídias virtuais trazem. Precisamos avançar mesmo!
Olá,
Li o texto mas sinceramente não ficou claro é explícito no texto o porquê que o sommelier de cerveja incomoda as pessoas!
Na verdade faço uma pergunta. O ponto de interrogação deixa isso bem claro. E eu também gostaria de saber por que o incômodo. Quero respostas!