O primeiro Festival Brasileiro da Cerveja que visitei foi em 2012. Ainda não existia o Concurso Brasileiro de Cervejas e naquele ano foi realizada, paralelamente ao evento, a South Beer Cup. Era um festival bem menor, com 1/3 de cervejarias participantes, que ocupava apenas um pavilhão da Vila Germânica. No ano seguinte, foi criado o concurso brasileiro atraindo um pouco mais de público, bem pouco. Ninguém acreditava muito que Blumenau pudesse atrair tanta gente interessada em cerveja artesanal, afinal, a cidade é famosa pela Oktoberfest, voltada a outro tipo de público. E assim, ano a ano, o evento foi conquistando novos interessados em participar, tomando forma e vulto. Se no começo era possível parar de estande em estande, visitando todos eles, conversando com os cervejeiros presentes ali, hoje esse contato ficou quase impossível. Parar em todos os estandes, são mais de 130, é complicado. Conversar com os cervejeiros então? Tarefa inglória, até porque nem todos estão presentes. Caminho natural para um festival que triplicou de tamanho. Hoje, sem dúvida, o Festival Brasileiro da Cerveja é o ponto de encontro anual do segmento de cervejas artesanais do país. Mas nem tudo são flores e, é claro, o crescimento traz novas questões que precisam ser discutidas:
1 – Cervejarias dissidentes – a saída de algumas cervejarias, que se manifestam contrárias à política de preços, de aluguel de estandes, de participação de grandes grupos, pode desencadear um movimento maior levando mais e mais cervejarias a se ausentarem do evento?
2 – Festival Internacional da Cerveja – a criação desse novo festival, no mesmo espaço em data diferente, pode esvaziar o Brasileiro? Ou os eventos em algum momento vão se fundir?
3 – Feira Tecnológica – a exemplo do formato da Brasil Brau, o Festival de Cervejas passaria a ser apenas um espaço de degustação dentro da feira de equipamentos e insumos?
4 – Mudança de Data – a intenção da organização do Festival é transferir em 2020 o evento de março para junho, mês em que o calor de Blumenau já é menor. Também um mês em que não há grandes eventos cervejeiros que concorram com ele. Seria uma alteração bem recebida pelo público?
CARTÃO DIGITAL, O QUE SE RESOLVEU?
Para completar a lista de questões que precisam ser resolvidas para as próximas edições, este ano houve um problema sério com relação aos cartões digitais para a compra nos estandes. Implantaram esse sistema, que já é utilizado em vários outros eventos pelo país, mas não foi traçado um “plano B”, para qualquer eventualidade. Azar de todos, a eventualidade ocorreu e no sábado, justamente o dia de maior proporção de vendas, as máquinas operadoras dos cartões pararam de funcionar. O pagamento, por isso, não podia ser feito com o dispositivo. Pouquíssimas cervejarias possuíam maquinas de cartão próprias, o que levou à grande maioria dos expositores a perder incontáveis vendas. Agora as cervejarias querem ser ressarcidas e nem comprovação de cada perda existe! A negociação com os expositores está sendo conduzida pelo Secretário Municipal de Turismo de Blumenau e, caso não haja uma solução que satisfaça a todos, pode ser que o Festival Brasileiro da Cerveja sofra uma baixa considerável em 2019. Torço muito para que isso não aconteça!
A organização do evento anunciou que está atenta ao que o mercado diz para fazer qualquer mudança. Então, é hora de pensarmos como mercado em que tipo e modelo de evento queremos.
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