Afrocerva lança carta aberta contra o racismo no meio cervejeiro
Pão e Cerveja

AfroCerva lança carta aberta contra o racismo no segmento cervejeiro do Brasil

O manifesto publicado pela AfroCerva em seu perfil do Instagram tem remetente certo

Carta aberta AfroCerva

Recado ao mercado cervejeiro brasileiro

AfroCerva é um coletivo formado por profissionais negros inseridos no mercado cervejeiro do Brasil.

O grupo luta por equidade racial, profissionalização e capacitação dentro do segmento.

Há pouco mais de um ano, em agosto de 2020, uma das profissionais negras do mercado – a Sommeliere Sara Araújo – sofreu insultos gravíssimos em um grupo de mensagens no Whatsapp.

As ofensas raciais vieram à tona e expuseram personalidades e pessoas renomadas no meio cervejeiro.

Todos homens, pegos em conteúdos racistas, misóginos, LGBTQIA+fóbicos.

Houve pedido de retratação, o que não ocorreu.

Houve a troca de diretoria da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal – Abracerva – uma vez que grande parte dela fazia parte do tal grupo de mensagens.

Tampouco isso mudou a realidade preconceituosa do mercado.

Um ano depois a AfroCerva faz apelo ao mercado

Mais de um ano se passou e qual não foi a surpresa para a AfroCerva ao constatar que os mesmos autores das ofensas raciais continuam inseridos em posições importantes do mercado nacional e internacional.

Competições internacionais das quais continuam participando como juízes convidados.

E agora o golpe pior: um deles fazendo parte da coordenação do Concurso Brasileiro de Cervejas (CBC) a ser realizado em Blumenau.

Diante do silêncio conivente de todo o mercado, que concorda e aceita que racistas, misóginos, homofóbicos continuem ditando as regras, a AfroCerva manifestou-se hoje em seu perfil do Instagram

O coletivo lançou uma carta aberta ao CBC e ao Mercado Cervejeiro que reproduzo abaixo:

É de conhecimento de todos os fatos ocorridos em 2020 relacionados a ataques racistas no meio cervejeiro.

Tais ataques atingiram diretamente alguns irmãos e irmãs, mas também todo o povo preto.

Esta situação escancarou a forma como são tratadas questões raciais e de gênero no meio cervejeiro e também derrubou várias máscaras de pessoas atuantes no mercado.

Na época, diversas associações, escolas, cervejarias e profissionais mostraram repúdio e condenaram os ataques racistas e profissionais envolvidos.

Parece óbvio que não é possível admitir esse tipo de comportamento.

Mas só parece.

Ainda há quem ignore a discussão da pauta antirracista e, em vez de dar exemplo, siga desrespeitando pessoas pretas, o mercado e uma discussão cada vez mais relevante pra evolução do mercado.

Diante disso, a AfroCerva vem através desta carta aberta manifestar seu repúdio e sua indignação com a organização do Concurso Brasileiro de Cerveja 2022, que tem entre os componentes da sua comissão organizadora, um dos envolvidos nos ataques racistas de 2020.

Cobramos um posicionamento da organização, dos patrocinadores e apoiadores, bem como de todos os atuantes e envolvidos com o mercado cervejeiro.

Este mercado, assim como a sociedade, não pode mais ser condescendente com racismo, homofobia, machismo e demais formas de preconceitos.

Então, você que lá em 2020 ficou do nosso lado e disse ‘tamo junto’, vem com a gente!
@festivaldacerveja@cbcblumenau@agrariamalte
@sebrae@sebraesc
@senacbrasil
#ablutecblumenau#ablutec

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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