Uma das perguntas que mais me fazem é como, por ser mulher, me envolvi em um meio tão masculino quanto o da cerveja. Acho engraçada a pergunta, pois não enxergo esse meio como exclusividade dos homens. Pelo contrário, sei que a cerveja só chegou até aqui porque nós, mulheres, começamos há milhares de anos a produzi-la.
Cerveja é feminina. Não tenho dúvida disso, nem medo de ser sexista com tal afirmação. É uma bebida de coração amplo, aquilo que chamamos de coração de mãe, no qual cabe todo mundo. Ela é versátil, serve para várias ocasiões. Combina com todo tipo de comida. É refrescante, mas pode ser acolhedora e caliente. Tem barata e tem cara. Cerveja é democrática, sabe ser dividida, sem preconceitos.
Outra afirmação que vejo muito por aí quando o assunto é cerveja e mulher é que o paladar feminino prefere bebidas docinhas… e não raramente vejo ofertas de eventos voltados ao público feminino em que cervejas com frutas são oferecidas, como se toda mulher gostasse de gosto frutado! Mais uma coisa que acho engraçada, pois a maioria das mulheres com quem convivo neste meio não é muito fã desse tipo de sabor. Todas elas adoram uma flor: a do lúpulo! E não temem o sabor amargo que ela traz à cerveja. Pelo contrário, buscam esse amargor!
E para terminar minhas considerações sobre cerveja e mulher, não poderia deixar de falar das propagandas machistas em que a cerveja sempre é comparada com mulheres de corpos sarados, seminus. Esse é um equívoco, por muito tempo propagado pelo mercado publicitário, que finalmente está caindo em desuso. Hoje, pega até mal propagandas com esse foco, pois o público descobriu que cerveja é muito mais que um líquido sem gosto, para ser bebido em baldes, congelada para amortecer as papilas gustativas e disfarçar a falta de sabor, feita para o churrascão da laje e para as rodinhas de homens no bar!
Parabéns às mulheres, cervejeiras e não cervejeiras, que trabalharam para que chegássemos a esse nível de conhecimento, civilidade e apropriação do que nos é de direito. E se você ainda tem dúvidas de que nós mulheres entendemos sim de cerveja, acho que precisa rever seus conceitos, pois está perdendo a grande oportunidade de ampliar seus conhecimentos sobre essa bebida milenar, que, não fosse pelas primeiras produtoras de cervejas, não teria atravessado civilizações e chegado até nós!
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