Hoje resolvi pensar em ” confort beers”… cervejas para aliviar o cansaço, a tristeza, o fardo pesado.
Estamos, afinal, no último mês do ano mais estranho do século! E para nos despedirmos de 2016 2019, nada como algumas cervejas de sabor menos amargo. Amargor é qualidade na cerveja, por certo. Mas na vida? Ninguém o quer de verdade, mesmo que seja obrigado a engoli-lo.
Memórias afetivas
Muitas perdas nos trouxe 2016 2019 e para o próximo ano resta a expectativa de que nos salvaremos do caos que se instaurou.
Penso que cerveja pode ser aconchego, pode nos trazer memórias afetivas de bons tempos, de locais que jamais gostaríamos de ter deixado, de pessoas que não estão mais entre nós.
São essas as cervejas, às quais chamo de confort beers, que gostaria de colocar na roda de amigos e parentes neste dezembro que tanto desejamos ser breve.
Neste momento precisamos de algo forte, intenso, porém macio, fácil de engolir. Com tais características, nada como as cervejas belgas, com seus frutados, condimentados, doçura e beleza.
As Dubbel
Gosto muito das Dubbel ( poderia citar Blonde ou Tripel, ou Saison, mas nenhuma delas me agrada tanto quanto a outra). São avermelhadas, escuras, mas com brilho que fascina. Carregam no sabor notas de ameixas , de baunilha, de vinho do Porto.
Para mim, elas trazem memórias afetivas, de puro conforto, do vinho de missa que havia na casa de minha avó, proibidos para nós crianças, que sempre dávamos um jeito de sorver a última gotinha esquecida na taça dos adultos!
Dubbel também me lembra calda de ameixa que ornava os manjares de coco enformados ( isso é tão anos 70…). Ou uma sobremesa que minhas tias amavam servir em taças longas. Chamava-se Montanha Suíça e nada mais era que um creme de gemas coberto por merengue e ameixas em calda.
Por tudo isso, por conseguir me trazer lembranças doces em um ano tão difícil de engolir, as cervejas Dubbel são a minha dica de confort beers para despedida de 2019, com alguma esperança de que bons e novos tempos hão de vir!
Texto originalmente publicado em 04/12/2016 no caderno Degusta do Jornal Estado de Minas
Por ser mais atual do que nunca, reeditado para 2019
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.