Medalhas e cervejas, o saldo do Festival Brasileiro da Cerveja em Blumenau

Blumenau, a cada mês de março, se transforma numa festa de encontros cervejeiros sem igual. Meu calendário anual gira em torno do antes e do pós Festival Brasileiro da Cerveja. É lá que podemos experimentar as cervejas lançadas em cada região do país, às quais nem sempre temos acesso fácil. A sensação que tenho, sempre ao voltar de lá, é que bebi muito mais do que podia e muito menos do que gostaria, tal é a quantidade e a variedade de oferta. Dilema comum a todos os que ali vão, assim com eu, para tomar pé do mercado. É muito interessante saber o que as cervejarias estão produzindo, perceber que alguns estilos se tornam moda sendo produzidos por muitas, outros caem em desuso, enfim, as tendências são consolidadas nesse festival, evento que considero o melhor do Brasil.

Seria difícil falar de tudo o que bebi por lá, até porque após 3 dias julgando as cervejas inscritas no Concurso Brasileiro de Cervejas, muitas cervejas foram experimentadas às cegas, sem que nenhum juiz saiba o que bebeu. No Festival, no entanto, é escolha. E que difícil escolha! Impossível tomar todas. Impossível tomar 10 por cento do que é servido por lá, mais de mil rótulos disponíveis. Então, aqui vão algumas das minhas experimentações que gostaria de destacar.

  • Atomga em Barril de Conhaque, da Bodebrown, de Curitiba. Uma Russian Imperial Stout, com 10 por cento de álcool, envelhecida em barril da bebida que lhe dá nome.  Uma delicia, de corpo aveludado, aroma da madeira e da bebida entrelaçados.
  • Gasoline Sour da Morada Etílica, que ganhou medalha de ouro numa categoria muito particular, a Red Flanders, no Concurso Brasileiro de Cervejas, cujos resultados foram anunciados no último dia 7 de março. Cerveja sensacional.
  • Reserva 7 da Cervejaria Dama, que a cada ano leva um blend de cervejas envelhecidas em barril para ser lançado em Blumenau. Esta, neste caso é uma mistura de cervejas retiradas de barris de carvalho e de amburana, conferindo um sabor todo especial.
  • Mistura Clássica Número 20, ganhadora de medalha de bronze no concurso. Uma cerveja construída com maltes de whisky, com aquele leve defumado característico do destilado. Muito interessante a cerveja, com diferentes patamares de sabor.
  • Pale Lager da Bier Hoff, de Curitiba, uma gostosura, com pouco corpo, baixo amargor e muito aroma de lúpulos cítricos. Uma cerveja para beber sem pensar, analisar, avaliar. Simplesmente curtir.
  • Purple Rain,  da Suricato Ale ( RS) que leva suco de uva na composição. Além da cor maravilhosa, de um rosado rubi, a cerveja é simplesmente deliciosa. Fácil de beber, com acidez presente, mas equilibrada, o sabor das uvas compondo o conjunto. Muito saborosa mesmo! Daquelas de repetir vários copos, o que confesso, foi o que fiz por lá!
  • Uai so Serious? da Verace ( MG)  é uma IPA fermentada com lactobacilos, que leva graviola e coco na receita. Ao experimentar, sem me atentar para as frutas declaradas, senti aroma e sabor de figos!  É tão presente o figo na Uai so Serious?, que se me dissessem que era essa a fruta e não as outras, eu assinaria em baixo sem pestanejar. Delícia pura essa cerveja, daquelas que eu pretendo tomar muitas outras vezes.
  • Tupiniquim Pecan, uma Russian Imperial Stout, que leva, obvio, nozes pecan. Essas dominam de fato o aroma. E no sabor deixam um rastro marcante. Me lembrei daquelas barraquinhas de nuts que todo aeroporto brasileiro tem! Aquele cheirinho de nozes tostadas que invadem os saguões? Pois é ele mesmo, presente na cerveja.

E como não poderia deixar de ser, vamos falar de medalhas no Concurso Brasileiro de Cervejas? Muita gente, aliás isso é recorrente, critica que o número de medalhas é alto, que todas as cervejarias ganham, blá, blá, blá… Eu já não compartilho dessa opinião. De 2034 cervejas inscritas, apenas 256 ganharam medalhas ( 11%). É um número grande? Para mim é até baixo! Com tanta cerveja concorrendo, pouco mais de 10 por cento delas receberem o reconhecimento de serem boas representantes de seus estilos é para se refletir sobre melhorias e qualidade dos produtos que estão no mercado. Por isso, essa crítica sobre número de medalhas está velha, desgastada e pouco reflete a realidade tanto do concurso, quanto do mercado.

Para quem tem curiosidade em conferir quais são as cervejas premiadas, aqui está a lista completa.

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Fabiana Arreguy

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