Você costuma pedir a carta de cerveja?

Esta é uma pergunta pertinente – você, quando vai a um bar ou restaurante que não conhece, tem o costume de pedir a carta de cervejas ? Sua resposta pode ajudar a decifrar os motivos pelos quais ainda sejam poucos os estabelecimentos que se preocupam em elaborar uma.

Os consumidores de cerveja têm a tendência de deixar pra lá o fato de não encontrar opções da bebida nos locais que frequentam. Bem diferente dos bebedores de vinho que não abrem mão de sua bebida e exigem que ela seja ofertada com opções e com qualidade. Estou mentindo? Veja o exemplo das festas de casamento. Em todas as que já fui havia uísques de altíssima qualidade, espumantes idem e cerveja “com melhor custo benefício” ( a mais barata mesmo). E por que essa diferença em relação aos convidados que apreciam cerveja? Eles não merecem a consideração de lhes servirem uma bebida no mesmo patamar de qualidade?

TCC de alunos da Academia Sommelier de Cerveja

O mesmo acontece em bares e restaurantes. É de praxe, assim que nos assentamos à mesa, receber a carta de vinhos. Caso você diga que prefere cerveja, lhe entregam o menu de bebidas, uma listinha em que constam refrigerantes, sucos, água e uma marca única da bebida! Ora… isso é ou não ser refém?

Carta da Salumeria Central em BH elaborada pelo Sommelier de Cervejas Luiz Guilherme Gomes

Existem dois movimentos muito claros no mercado – os locais que já acordaram para o fato que o consumo de cerveja tem um novo perfil e aqueles que insistem em dar exclusividade de seu ponto de venda a uma cervejaria mainstream em troca de geladeiras, mesas e cadeiras em bonificação. E, infelizmente, não estou falando somente de botecos de bairro, que, em tese, precisariam dessas bonificações. Bons e renomados restaurantes têm fechado ” parceria” com grandes grupos, não permitindo a entrada de cervejas artesanais diferenciadas em seus menus. Resultado é que servem uma comida que diz valorizar o pequeno produtor, se gabam de dar atenção a boas práticas ambientais, fazem questão de alardear a melhor qualidade dos ingredientes e exaltam o sabor. Mas se desmentem ao servir uma cerveja fabricada em grande escala, cheia de adjuntos e quase nenhum sabor, com práticas nocivas de mercado, que tentam inviabilizar a entrada das cervejarias menores nos pontos de venda.

Estou convicta. Se não vier do consumidor a demanda por cervejas boas, que valorizam a produção local, que utilizam ingredientes nobres, nunca conseguiremos furar esse cerco. Estaremos sempre reféns do que querem nos empurrar goela abaixo.

Por isso, agora mudo a pergunta: vamos  pedir a carta de cervejas?

ALGUNS LOCAIS QUE JÁ TÊM CARTA EM BH:

TCC de alunos da Academia Sommelier de Cerveja/ 2016

  • Restaurante Paladino, na Pampulha
  • Restaurante Salumeria Central, no Floresta
  • Restaurante Haus, no Gutierrez
  • Bar Café Viena, no São Lucas
  • Restaurante Kazuki, em Lourdes
  • Bar Rima dos Sabores, no Prado
  • Bar Seu Romão, no São Pedro
  • Duke´n Duke, na Savassi
  • Bar Vintage 13, na Savassi
  • Mercearia Mello, na Serra
  • Restaurante Kobes, no Horto
Fabiana Arreguy

Ver Comentários

  • Parabéns pela iniciativa, eu não bebo suco de milho com batatas e cebolas. Gosto de beber cerveja e se o bar não tem cerveja, levanto e ou embora.

  • Parabéns pela iniciativa, eu não bebo suco de milho com batatas e cebolas. Gosto de beber cerveja e se o bar não tem cerveja, levanto e ou embora.

  • Muito boa a matéria, vale à pena registrar o Hipper Frios no bairro União, lá tem uma carta legal também.

  • Como apreciador de cerveja de média – para ainda não dizer longa – data, eu já até dispenso a carta de cerveja de muitos bares. Motivo: a demora na atualização pode me fazer perder a oportunidade de tomar uma boa novidade. E isto acontece até mesmo em lugares com cardápio grande dedicado às cervejas – como é o caso do Delirium Tremens aqui no Rio. Então prefiro levantar e olhar o que tem na geladeira/cervejeira...

    Mas certamente é importante ter. Nem que seja com as que basicamente frequentam a casa. E outra coisa que falta é gente treinada para vender a cerveja: muitas às vezes não sabem explicar a cerveja que tem em estoque. Como vender um produto sem conhecê-lo? Por isto é importante a casa treinar sua equipe (tal como fazem com os vinhos)!

    • O que sempre vejo, inclusive em lojas especializadas, é o pessoal despreparado para lhe dar informações sobre as cervejas, especialmente em harmonizações.

    • Tem vários problemas relativos ao que você diz mesmo, cartas desatualizadas, cartas de mentira ( cujos rótulos só existem no papel. O famoso tem mas tá em falta), cartas feitas por quem não está apto a treinar a brigada... mas, de qualquer maneira, o fato em se preocupar em ter uma variedade de cervejas disponíveis já abona, e muito, um estabelecimento, a meu ver.

  • Como apreciador de cerveja de média – para ainda não dizer longa – data, eu já até dispenso a carta de cerveja de muitos bares. Motivo: a demora na atualização pode me fazer perder a oportunidade de tomar uma boa novidade. E isto acontece até mesmo em lugares com cardápio grande dedicado às cervejas – como é o caso do Delirium Tremens aqui no Rio. Então prefiro levantar e olhar o que tem na geladeira/cervejeira...

    Mas certamente é importante ter. Nem que seja com as que basicamente frequentam a casa. E outra coisa que falta é gente treinada para vender a cerveja: muitas às vezes não sabem explicar a cerveja que tem em estoque. Como vender um produto sem conhecê-lo? Por isto é importante a casa treinar sua equipe (tal como fazem com os vinhos)!

    • Tem vários problemas relativos ao que você diz mesmo, cartas desatualizadas, cartas de mentira ( cujos rótulos só existem no papel. O famoso tem mas tá em falta), cartas feitas por quem não está apto a treinar a brigada... mas, de qualquer maneira, o fato em se preocupar em ter uma variedade de cervejas disponíveis já abona, e muito, um estabelecimento, a meu ver.

    • O que sempre vejo, inclusive em lojas especializadas, é o pessoal despreparado para lhe dar informações sobre as cervejas, especialmente em harmonizações.

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