Tenho acompanhado atentamente as discussões sobre o que é arte ou não é arte, sobre o nu e como o enxergamos, sobre levar ou não levar crianças a museus, galerias e espaços artísticos. E o que me assusta, e sei que a muitos assusta também, é a onda retrógrada e falso-moralista que vem se avolumando de tal forma no Brasil que daqui a pouco, sem que percebamos, vai engolir a todos nós. E quando digo nós também me refiro à gente que trabalha diretamente com cerveja. A defesa de censura é perigosa. Se é legítimo fechar uma exposição ou mostra artística, sem aqui questionar conteúdo de bom ou mau gosto, por que não o seria em relação a bares e cervejarias? Sim, não é exagero meu! Quem faz, vende, expõe ou divulga cervejas pode ser considerado um pervertido, uma pessoa que desencaminha menores para o vício, para a bebedeira( Acreditem, eu recebi email de ouvinte me acusando disso). Temos um telhado de vidro gigante e podemos ser a próxima bola da vez, já pensou nisso? Quem defende hoje o fechamento, a proibição de manifestações artísticas, pode se voltar contra nós amanhã, alegando que álcool é droga e que é dever de um ” cidadão do bem” defender a sociedade de tal malefício. Olha, não é exagero meu, tampouco é questão ideológica. Já vimos esse filme acontecer no país em 1964 com a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. E olha no que deu… Vejo muitas pessoas que atuam no mercado cervejeiro defendendo a censura em relação às artes e a elas eu gostaria de pedir que refletissem melhor sobre suas posições e assumissem nossa posição vulnerável. A supressão de direitos não aceita argumentos, nem ponderações. Ela vem pela força e truculência. Defendê-la é um tiro no pé. E jamais podemos esquecer que cerveja é libertária, frase dita ontem por meu amigo e sócio Marco Falcone, que eu adoto a partir de hoje.
Para aqueles que me pedem soluções e não reflexões, como algumas que tenho proposto neste blog, aponto: Defenda a liberdade de direitos, ainda que não a queira para si. Se considerar algo inoportuno, impróprio, imoral afaste-se você, seus filhos e filhas, mas não queira a proibição para todos. Seja coerente com o que você prega e vivencia. Seja respeitoso com a liberdade do outro. Seja tolerante com opiniões divergentes. Não embarque em discursos que semeiam ódio para não ser você o próximo odiado!
Ouça aqui as colunas Pão e Cerveja da Rádio CDL FM
Primeiro que, da mesma forma que é possível que se esponha qualquer coisa como arte (o "qualquer" aí não é pejorativo, é no sentido de "tudo" mesmo), e eu concordo com isso, é lícito que as pessoas que se sintam ofendidas manifestem seu desconforto, não?
Com relação aos dois episódios aos quais talvez vc se refira:
1) Na mostra do Santander, financiada pelo banco como uma ação de marketing, pessoas se manifestaram e o bancão resolveu encerrar a mostra. Na minha opinião, reconheceu que deu um tiro no pé: porque raios um banco de massa deveria criar polêmica com uma população majoritariamente conservadora (ou não?) como a nossa? O Ministério Público, cujo esporte é se meter em tudo, errou mais uma vez em tentar obrigá-lo a retomar a exposição. A mesma mostra foi aceita em outros lugares, a vida seguiu.
2) No caso da performance em que uma criança foi filmada sendo estimulada a tocar partes do corpo de um homem nu, da mesma forma que vc diz que isso "pode levar a que cervejeiros sejam considerados pervertidos" também pode ser vista como um primeiro passo para que crianças no futuro sejam estimuladas a tocar as partes íntimas de adultos nus, ou não?
Também nesse caso a sociedade se manifestou e a vida seguiu. A propósito: não vi pedofilia nenhuma ali mas acho que a mãe errou ao permanecer com a criança naquele ambiente e ainda estimulá-la a participar.
"A gente vê que a democracia está funcionando quando ouvimos pessoas dizerem aquilo que achamos absurdo."
Parabéns pelo blog!
Eu não acompanhei esse assunto. O pouco que vi foram burburinhos no face (essa terra de ninguém). Alguns, mas poucos. Achei muito barulho por nada. Discordo de algumas coisas que disse. A primeira delas é que "a defesa da censura é perigosa". Eu pensava assim. Mas certa vez eu estava lendo um livro do Wilson Martins, cuja edição não se encontra aqui perto de mim agora, no qual ele faz um estudo bem profundo a respeito do assunto. Ele concluiu o seguinte: qualquer civilização decente possui censura. Na verdade, a censura é o que nos torna civilizados. O problema é o estabelecermos o que deve ser censurado. Eis o problema. Duvida disso? Por acaso acharia legal eu exibir, por exemplo, no meu carro um adesivo com os seguintes dizeres: "Eu gosto de chupar xoxotas!"? Ou melhor, que filmes pornográficos fossem exibidos às 10 horas da manhã em TV aberta? Ou que sessões de autopsia fossem exibidas na TV aberta? Não foi aqui mesmo neste blog que se combateu (certou ou errado) a costumeira e bizarra forma de vincular cervejas e mulheres gostosas de biquínis em propaganda de TV? Não seria isso também censura? Afinal, objetivar a mulher deixou de ser errado e não estou sabendo? O tema é complexo e bastaste espinhoso. De minha parte penso o seguinte: nem tudo é arte, mas a definição do que é arte é bem complicado mesmo. A despeito disso, pedofilia é crime tipificado pelo código penal. Se houve ou se não houve, aí exige uma avaliação da obra. Eu não fiz isso. Não sei se houve pedofilia. Se é moralismo ou se não é, isso não importa. O código penal é bem claro. O fato de ser "arte" não é excludente de ilicitude, segundo aprendi na faculdade. O mesmo pode ser dito de diversos "artistas" que usam "piadas" para colocar pessoas em situações humilhantes. Isso sem falar no racismo etc. Chamar alguém de macaco por ser preto, por mais que dentro de um contexto humorísticos, não exclui o crime de racismo. A pergunta crucial, a meu ver, é: qual o propósito dessa "arte"? Chocar as pessoas não é arte. Quem acha que esse tipo de "arte" está no mesmo patamar de Hieronymus Bosch, Caravaggio e tantos outros é porque perdeu completamente o senso das proporções. Ou será que seu eu misturar água, malte, lúpulo num balde terei uma garrafa de Leffe?
Caro Doni, não estou discutindo o propósito da arte. Muito menos se é arte ou não arte, afinal não tenho propriedade para afirmar isso. Estou apontando para um movimento perigoso em que se julga imoral, ilegal, inoportuno qualquer coisa que seja diferente das próprias ideologias, sejam religiosas ou políticas, tentando impor como regra o que se pode ou não se pode ver, pensar, falar. Penso que daqui a pouco muitos serão proibidos de misturar água, malte e lúpulo num balde por fazer apologia ao crime de se beber... pensa nisso!
Mas porque eu, sendo cristão, não posso me manifestar quando ofendido pelo fato de símbolos que me são caros serem mostrados em imagens como a de uma santa agarrada aos peitos de uma mulher nua enquanto um cachorro lambe seu sexo?
Não é um atentado à liberdade de expressão impedir o meu protesto?
Nos EUA recentemente a Suprema Corte deu ganho de causa a uma ONG que protesta em enterros de soldados, gritando que eles são criminosos que devem mesmo morrer.
É um absurdo? É.
Deve ser proibido? NÃO.
Da mesma forma, se alguém resolver amolar a nós, cervejeiros, por fazermos uso de álcool e incitar a bebedeira, ele estará em seu pleno direito.
Protestar é direito inconteste. Sobre tudo e por todos. Proibir um conteúdo porque ele desagrada a uma parcela da sociedade, não. É simples assim.
Leia de novo o texto do Doni. A resposta foi desfocada da matéria.
É melhor para o homem o mal que ele próprio escolheu ou o bem que lhe tenha sido imposto?
E quem define o que é o mal e o que é o bem? A liberdade de escolha será sempre melhor a meu ver.
Oi Fabiana!
Apesar de achar alguns absurdos e ver com estranheza as novas manifestações consideradas como sendo Arte, concordo plenamente com o que você colocou nesse Post. É melhor, mais inteligente, e, sobretudo, mais seguro, pelos motivos já expostos acima, ignorarmos do que proibirmos.
Só não podemos colocar no mesmo pacote, obras de um Leonardo da Vinci, com lixos "pós-modernos", que comumente aparecem por aí.
Acho que não é o local apropriado, mas por falta de outro, gostaria de parabenizá-la pelo seu livro que acabei de ler ontem. Viajei pela minha infância através daquelas comidinhas mineiras, quando eu tinha tudo aquilo, "de graça", todos os dias em minha casa em Paracatu. Hoje, por opção, resolvi não comer mais carne, o que não me impediu de praticamente sentir todos aqueles gostos deliciosos novamente, lendo as suas narrações.
A leitura tem este enorme poder de nos fazer sentir apenas com os olhos. Talvez este seja o nosso verdadeiro sexto sentido!
Obrigado por ter me proporcionado esta vivência!
Obrigada pelo retorno sobre o livro. É tão bom conseguir transmitir sensações boas através das palavras... esse é o maior prêmio para quem escreve! E realmente há muita obra ruim, coisa que jamais perderia meu tempo em olhar, muito menos visitar uma exposição delas. Isso não me dá o direito, no entanto, de criticar quem aprecia ou proibir que sejam vistas como estavam tentando fazer acontecer no Palácio das Artes em BH. Trata-se de liberdade de escolha, não de ideologia.
Aprecio muito seus artigos sobre cerveja. Sobre cerveja! A correlação apresentada é fraca e parece mais uma forma velada de expor sua opinião sobre outro assunto. Foco na cerveja!
Cerveja se relaciona com a humanidade há pelo menos 8 mil anos. A correlação é clara e está acontecendo, saiba disso. Continuo sempre com o foco na cerveja e na liberdade de escolha adulta em bebê-la ou não, vendê-la ou não, gostar dela ou não, falar dela ou não.
As divergencias de opiniões não devem significar conflito, ja dizia Ghandi. Mas infelizmente no mundo de hoje, a simples expressão de uma palavra ou a sua opinião de um fato, se torna um conflito sem tamanho. Concordo plenamente com voce quando diz, não gostou, não serve pra voce,
não convive, se afaste, não veja, mas estamos acostumados a olhar muito para nosso umbigo e criticar o dos outros, biblicamente falando, ve um cisco no olho do irmão, mas não ve a trave do proprio olho, vivemos num mundo que esta ficando chato, ainda bem que tem ainda se pode beber uma cerveja e admirar quase sempre um céu azul e um sol maravilhoso como o que vejo agora de minha janela.
Discordo de vc.
Primeiro que, da mesma forma que é possível que se esponha qualquer coisa como arte (o "qualquer" aí não é pejorativo, é no sentido de "tudo" mesmo), e eu concordo com isso, é lícito que as pessoas que se sintam ofendidas manifestem seu desconforto, não?
Com relação aos dois episódios aos quais talvez vc se refira:
1) Na mostra do Santander, financiada pelo banco como uma ação de marketing, pessoas se manifestaram e o bancão resolveu encerrar a mostra. Na minha opinião, reconheceu que deu um tiro no pé: porque raios um banco de massa deveria criar polêmica com uma população majoritariamente conservadora (ou não?) como a nossa? O Ministério Público, cujo esporte é se meter em tudo, errou mais uma vez em tentar obrigá-lo a retomar a exposição. A mesma mostra foi aceita em outros lugares, a vida seguiu.
2) No caso da performance em que uma criança foi filmada sendo estimulada a tocar partes do corpo de um homem nu, da mesma forma que vc diz que isso "pode levar a que cervejeiros sejam considerados pervertidos" também pode ser vista como um primeiro passo para que crianças no futuro sejam estimuladas a tocar as partes íntimas de adultos nus, ou não?
Também nesse caso a sociedade se manifestou e a vida seguiu. A propósito: não vi pedofilia nenhuma ali mas acho que a mãe errou ao permanecer com a criança naquele ambiente e ainda estimulá-la a participar.
"A gente vê que a democracia está funcionando quando ouvimos pessoas dizerem aquilo que achamos absurdo."
Parabéns pelo blog!
Eu quero dizer que esta parte do seu texto, foi um tanto quanto ilogica:
" ... alegando que álcool é droga e que é dever de um " cidadão do bem" defender a sociedade de tal malefício.''
Sim, alcool e droga, e sim destroi tantas ou mais familias quanto qualquer droga que ''nao recolhe imposto''.
O mundo esta precisando de tolerancia, e de pessoas que tenham mais tolerancia e bom senso.
Tolerancia para entender - ou tentar - o que lhe e diferente.
Bom senso para saber, que e bom pro seu amigo, talvez nao seja pra voce.
Ps.: Meu teclado esta desconfigurado, por isso a falta de pontuacao e presente em todo ele.
Sim álcool é droga e destrói famílias, logo é obrigação de pessoas iluminadas protegerem o restante da sociedade em relação a ele? O livre arbítrio não deve existir neste caso?
Sim, a cerveja é super libertária: bebida n. 1 dos escravos egípcios e romanos!
Mas esse frankfurtismo dos ultimos tempos nada mais é que o nazismo do seculo XXI que, ao invés de tentar impor à realidade uma tonalidade cinza sombria - passando por cima da história, da biologia, do bom senso... - tenta impor uma tonalidade rosa bebê, mas que nada mais é que o vermelho sangue do socialismo (sua base ideológica e financeira) diluído para aumentar sua palatabilidade. Mas veneno com água continua sendo veneno!
E realmente a Frida Kahlo é o melhor símbolo para essa "nova onda": uma marionete do partido comunista e de seu marido abusivo (Diego Rivera)!
Aiai...
Ah, é ainda mais cômico, apesar de triste, assistir a pessoas inteligentes sendo vitimadas pelas fakenews. Felizmente a tragicomédia está chegando ao fim e seus últimos suspiros têm obrigado aqueles mais inteligentes a não mais apoiar os baluartes do momento, notoriamente muito menos inteligentes que esses próprios apoiadores. A vergonha será o lastro para essa mudança de olhar. Mas é a vibração pessoal de cada um a bússola para se encaminhar para uma Verdade mais elevada.
Eu não acompanhei esse assunto. O pouco que vi foram burburinhos no face (essa terra de ninguém). Alguns, mas poucos. Achei muito barulho por nada. Discordo de algumas coisas que disse. A primeira delas é que “a defesa da censura é perigosa”. Eu pensava assim. Mas certa vez eu estava lendo um livro do Wilson Martins, cuja edição não se encontra aqui perto de mim agora, no qual ele faz um estudo bem profundo a respeito do assunto. Ele concluiu o seguinte: qualquer civilização decente possui censura. Na verdade, a censura é o que nos torna civilizados. O problema é o estabelecermos o que deve ser censurado. Eis o problema. Duvida disso? Por acaso acharia legal eu exibir, por exemplo, no meu carro um adesivo com os seguintes dizeres: “Eu gosto de chupar xoxotas!”? Ou melhor, que filmes pornográficos fossem exibidos às 10 horas da manhã em TV aberta? Ou que sessões de autopsia fossem exibidas na TV aberta? Não foi aqui mesmo neste blog que se combateu (certou ou errado) a costumeira e bizarra forma de vincular cervejas e mulheres gostosas de biquínis em propaganda de TV? Não seria isso também censura? Afinal, objetivar a mulher deixou de ser errado e não estou sabendo? O tema é complexo e bastaste espinhoso. De minha parte penso o seguinte: nem tudo é arte, mas a definição do que é arte é bem complicado mesmo. A despeito disso, pedofilia é crime tipificado pelo código penal. Se houve ou se não houve, aí exige uma avaliação da obra. Eu não fiz isso. Não sei se houve pedofilia. Se é moralismo ou se não é, isso não importa. O código penal é bem claro. O fato de ser “arte” não é excludente de ilicitude, segundo aprendi na faculdade. O mesmo pode ser dito de diversos “artistas” que usam “piadas” para colocar pessoas em situações humilhantes. Isso sem falar no racismo etc. Chamar alguém de macaco por ser preto, por mais que dentro de um contexto humorísticos, não exclui o crime de racismo. A pergunta crucial, a meu ver, é: qual o propósito dessa “arte”? Chocar as pessoas não é arte. Quem acha que esse tipo de “arte” está no mesmo patamar de Hieronymus Bosch, Caravaggio e tantos outros é porque perdeu completamente o senso das proporções. Ou será que seu eu misturar água, malte, lúpulo num balde terei uma garrafa de Leffe?
Caro Doni, não estou discutindo o propósito da arte. Muito menos se é arte ou não arte, afinal não tenho propriedade para afirmar isso. Estou apontando para um movimento perigoso em que se julga imoral, ilegal, inoportuno qualquer coisa que seja diferente das próprias ideologias, sejam religiosas ou políticas, tentando impor como regra o que se pode ou não se pode ver, pensar, falar. Penso que daqui a pouco muitos serão proibidos de misturar água, malte e lúpulo num balde por fazer apologia ao crime de se beber... pensa nisso!
Mas porque eu, sendo cristão, não posso me manifestar quando ofendido pelo fato de símbolos que me são caros serem mostrados em imagens como a de uma santa agarrada aos peitos de uma mulher nua enquanto um cachorro lambe seu sexo?
Não é um atentado à liberdade de expressão impedir o meu protesto?
Nos EUA recentemente a Suprema Corte deu ganho de causa a uma ONG que protesta em enterros de soldados, gritando que eles são criminosos que devem mesmo morrer.
É um absurdo? É.
Deve ser proibido? NÃO.
Da mesma forma, se alguém resolver amolar a nós, cervejeiros, por fazermos uso de álcool e incitar a bebedeira, ele estará em seu pleno direito.
Protestar é direito inconteste. Sobre tudo e por todos. Proibir um conteúdo porque ele desagrada a uma parcela da sociedade, não. É simples assim.
Leia de novo o texto do Doni. A resposta foi desfocada da matéria.
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Discordo de vc.
Primeiro que, da mesma forma que é possível que se esponha qualquer coisa como arte (o "qualquer" aí não é pejorativo, é no sentido de "tudo" mesmo), e eu concordo com isso, é lícito que as pessoas que se sintam ofendidas manifestem seu desconforto, não?
Com relação aos dois episódios aos quais talvez vc se refira:
1) Na mostra do Santander, financiada pelo banco como uma ação de marketing, pessoas se manifestaram e o bancão resolveu encerrar a mostra. Na minha opinião, reconheceu que deu um tiro no pé: porque raios um banco de massa deveria criar polêmica com uma população majoritariamente conservadora (ou não?) como a nossa? O Ministério Público, cujo esporte é se meter em tudo, errou mais uma vez em tentar obrigá-lo a retomar a exposição. A mesma mostra foi aceita em outros lugares, a vida seguiu.
2) No caso da performance em que uma criança foi filmada sendo estimulada a tocar partes do corpo de um homem nu, da mesma forma que vc diz que isso "pode levar a que cervejeiros sejam considerados pervertidos" também pode ser vista como um primeiro passo para que crianças no futuro sejam estimuladas a tocar as partes íntimas de adultos nus, ou não?
Também nesse caso a sociedade se manifestou e a vida seguiu. A propósito: não vi pedofilia nenhuma ali mas acho que a mãe errou ao permanecer com a criança naquele ambiente e ainda estimulá-la a participar.
"A gente vê que a democracia está funcionando quando ouvimos pessoas dizerem aquilo que achamos absurdo."
Parabéns pelo blog!
Eu não acompanhei esse assunto. O pouco que vi foram burburinhos no face (essa terra de ninguém). Alguns, mas poucos. Achei muito barulho por nada. Discordo de algumas coisas que disse. A primeira delas é que "a defesa da censura é perigosa". Eu pensava assim. Mas certa vez eu estava lendo um livro do Wilson Martins, cuja edição não se encontra aqui perto de mim agora, no qual ele faz um estudo bem profundo a respeito do assunto. Ele concluiu o seguinte: qualquer civilização decente possui censura. Na verdade, a censura é o que nos torna civilizados. O problema é o estabelecermos o que deve ser censurado. Eis o problema. Duvida disso? Por acaso acharia legal eu exibir, por exemplo, no meu carro um adesivo com os seguintes dizeres: "Eu gosto de chupar xoxotas!"? Ou melhor, que filmes pornográficos fossem exibidos às 10 horas da manhã em TV aberta? Ou que sessões de autopsia fossem exibidas na TV aberta? Não foi aqui mesmo neste blog que se combateu (certou ou errado) a costumeira e bizarra forma de vincular cervejas e mulheres gostosas de biquínis em propaganda de TV? Não seria isso também censura? Afinal, objetivar a mulher deixou de ser errado e não estou sabendo? O tema é complexo e bastaste espinhoso. De minha parte penso o seguinte: nem tudo é arte, mas a definição do que é arte é bem complicado mesmo. A despeito disso, pedofilia é crime tipificado pelo código penal. Se houve ou se não houve, aí exige uma avaliação da obra. Eu não fiz isso. Não sei se houve pedofilia. Se é moralismo ou se não é, isso não importa. O código penal é bem claro. O fato de ser "arte" não é excludente de ilicitude, segundo aprendi na faculdade. O mesmo pode ser dito de diversos "artistas" que usam "piadas" para colocar pessoas em situações humilhantes. Isso sem falar no racismo etc. Chamar alguém de macaco por ser preto, por mais que dentro de um contexto humorísticos, não exclui o crime de racismo. A pergunta crucial, a meu ver, é: qual o propósito dessa "arte"? Chocar as pessoas não é arte. Quem acha que esse tipo de "arte" está no mesmo patamar de Hieronymus Bosch, Caravaggio e tantos outros é porque perdeu completamente o senso das proporções. Ou será que seu eu misturar água, malte, lúpulo num balde terei uma garrafa de Leffe?
Caro Doni, não estou discutindo o propósito da arte. Muito menos se é arte ou não arte, afinal não tenho propriedade para afirmar isso. Estou apontando para um movimento perigoso em que se julga imoral, ilegal, inoportuno qualquer coisa que seja diferente das próprias ideologias, sejam religiosas ou políticas, tentando impor como regra o que se pode ou não se pode ver, pensar, falar. Penso que daqui a pouco muitos serão proibidos de misturar água, malte e lúpulo num balde por fazer apologia ao crime de se beber... pensa nisso!
Mas porque eu, sendo cristão, não posso me manifestar quando ofendido pelo fato de símbolos que me são caros serem mostrados em imagens como a de uma santa agarrada aos peitos de uma mulher nua enquanto um cachorro lambe seu sexo?
Não é um atentado à liberdade de expressão impedir o meu protesto?
Nos EUA recentemente a Suprema Corte deu ganho de causa a uma ONG que protesta em enterros de soldados, gritando que eles são criminosos que devem mesmo morrer.
É um absurdo? É.
Deve ser proibido? NÃO.
Da mesma forma, se alguém resolver amolar a nós, cervejeiros, por fazermos uso de álcool e incitar a bebedeira, ele estará em seu pleno direito.
Protestar é direito inconteste. Sobre tudo e por todos. Proibir um conteúdo porque ele desagrada a uma parcela da sociedade, não. É simples assim.
Leia de novo o texto do Doni. A resposta foi desfocada da matéria.
É melhor para o homem o mal que ele próprio escolheu ou o bem que lhe tenha sido imposto?
E quem define o que é o mal e o que é o bem? A liberdade de escolha será sempre melhor a meu ver.
Oi Fabiana!
Apesar de achar alguns absurdos e ver com estranheza as novas manifestações consideradas como sendo Arte, concordo plenamente com o que você colocou nesse Post. É melhor, mais inteligente, e, sobretudo, mais seguro, pelos motivos já expostos acima, ignorarmos do que proibirmos.
Só não podemos colocar no mesmo pacote, obras de um Leonardo da Vinci, com lixos "pós-modernos", que comumente aparecem por aí.
Acho que não é o local apropriado, mas por falta de outro, gostaria de parabenizá-la pelo seu livro que acabei de ler ontem. Viajei pela minha infância através daquelas comidinhas mineiras, quando eu tinha tudo aquilo, "de graça", todos os dias em minha casa em Paracatu. Hoje, por opção, resolvi não comer mais carne, o que não me impediu de praticamente sentir todos aqueles gostos deliciosos novamente, lendo as suas narrações.
A leitura tem este enorme poder de nos fazer sentir apenas com os olhos. Talvez este seja o nosso verdadeiro sexto sentido!
Obrigado por ter me proporcionado esta vivência!
Obrigada pelo retorno sobre o livro. É tão bom conseguir transmitir sensações boas através das palavras... esse é o maior prêmio para quem escreve! E realmente há muita obra ruim, coisa que jamais perderia meu tempo em olhar, muito menos visitar uma exposição delas. Isso não me dá o direito, no entanto, de criticar quem aprecia ou proibir que sejam vistas como estavam tentando fazer acontecer no Palácio das Artes em BH. Trata-se de liberdade de escolha, não de ideologia.
Aprecio muito seus artigos sobre cerveja. Sobre cerveja! A correlação apresentada é fraca e parece mais uma forma velada de expor sua opinião sobre outro assunto. Foco na cerveja!
Cerveja se relaciona com a humanidade há pelo menos 8 mil anos. A correlação é clara e está acontecendo, saiba disso. Continuo sempre com o foco na cerveja e na liberdade de escolha adulta em bebê-la ou não, vendê-la ou não, gostar dela ou não, falar dela ou não.
As divergencias de opiniões não devem significar conflito, ja dizia Ghandi. Mas infelizmente no mundo de hoje, a simples expressão de uma palavra ou a sua opinião de um fato, se torna um conflito sem tamanho. Concordo plenamente com voce quando diz, não gostou, não serve pra voce,
não convive, se afaste, não veja, mas estamos acostumados a olhar muito para nosso umbigo e criticar o dos outros, biblicamente falando, ve um cisco no olho do irmão, mas não ve a trave do proprio olho, vivemos num mundo que esta ficando chato, ainda bem que tem ainda se pode beber uma cerveja e admirar quase sempre um céu azul e um sol maravilhoso como o que vejo agora de minha janela.
Discordo de vc.
Primeiro que, da mesma forma que é possível que se esponha qualquer coisa como arte (o "qualquer" aí não é pejorativo, é no sentido de "tudo" mesmo), e eu concordo com isso, é lícito que as pessoas que se sintam ofendidas manifestem seu desconforto, não?
Com relação aos dois episódios aos quais talvez vc se refira:
1) Na mostra do Santander, financiada pelo banco como uma ação de marketing, pessoas se manifestaram e o bancão resolveu encerrar a mostra. Na minha opinião, reconheceu que deu um tiro no pé: porque raios um banco de massa deveria criar polêmica com uma população majoritariamente conservadora (ou não?) como a nossa? O Ministério Público, cujo esporte é se meter em tudo, errou mais uma vez em tentar obrigá-lo a retomar a exposição. A mesma mostra foi aceita em outros lugares, a vida seguiu.
2) No caso da performance em que uma criança foi filmada sendo estimulada a tocar partes do corpo de um homem nu, da mesma forma que vc diz que isso "pode levar a que cervejeiros sejam considerados pervertidos" também pode ser vista como um primeiro passo para que crianças no futuro sejam estimuladas a tocar as partes íntimas de adultos nus, ou não?
Também nesse caso a sociedade se manifestou e a vida seguiu. A propósito: não vi pedofilia nenhuma ali mas acho que a mãe errou ao permanecer com a criança naquele ambiente e ainda estimulá-la a participar.
"A gente vê que a democracia está funcionando quando ouvimos pessoas dizerem aquilo que achamos absurdo."
Parabéns pelo blog!
Eu quero dizer que esta parte do seu texto, foi um tanto quanto ilogica:
" ... alegando que álcool é droga e que é dever de um " cidadão do bem" defender a sociedade de tal malefício.''
Sim, alcool e droga, e sim destroi tantas ou mais familias quanto qualquer droga que ''nao recolhe imposto''.
O mundo esta precisando de tolerancia, e de pessoas que tenham mais tolerancia e bom senso.
Tolerancia para entender - ou tentar - o que lhe e diferente.
Bom senso para saber, que e bom pro seu amigo, talvez nao seja pra voce.
Ps.: Meu teclado esta desconfigurado, por isso a falta de pontuacao e presente em todo ele.
Sim álcool é droga e destrói famílias, logo é obrigação de pessoas iluminadas protegerem o restante da sociedade em relação a ele? O livre arbítrio não deve existir neste caso?
Sim, a cerveja é super libertária: bebida n. 1 dos escravos egípcios e romanos!
Mas esse frankfurtismo dos ultimos tempos nada mais é que o nazismo do seculo XXI que, ao invés de tentar impor à realidade uma tonalidade cinza sombria - passando por cima da história, da biologia, do bom senso... - tenta impor uma tonalidade rosa bebê, mas que nada mais é que o vermelho sangue do socialismo (sua base ideológica e financeira) diluído para aumentar sua palatabilidade. Mas veneno com água continua sendo veneno!
E realmente a Frida Kahlo é o melhor símbolo para essa "nova onda": uma marionete do partido comunista e de seu marido abusivo (Diego Rivera)!
Aiai...
Ah, é ainda mais cômico, apesar de triste, assistir a pessoas inteligentes sendo vitimadas pelas fakenews. Felizmente a tragicomédia está chegando ao fim e seus últimos suspiros têm obrigado aqueles mais inteligentes a não mais apoiar os baluartes do momento, notoriamente muito menos inteligentes que esses próprios apoiadores. A vergonha será o lastro para essa mudança de olhar. Mas é a vibração pessoal de cada um a bússola para se encaminhar para uma Verdade mais elevada.
Eu não acompanhei esse assunto. O pouco que vi foram burburinhos no face (essa terra de ninguém). Alguns, mas poucos. Achei muito barulho por nada. Discordo de algumas coisas que disse. A primeira delas é que “a defesa da censura é perigosa”. Eu pensava assim. Mas certa vez eu estava lendo um livro do Wilson Martins, cuja edição não se encontra aqui perto de mim agora, no qual ele faz um estudo bem profundo a respeito do assunto. Ele concluiu o seguinte: qualquer civilização decente possui censura. Na verdade, a censura é o que nos torna civilizados. O problema é o estabelecermos o que deve ser censurado. Eis o problema. Duvida disso? Por acaso acharia legal eu exibir, por exemplo, no meu carro um adesivo com os seguintes dizeres: “Eu gosto de chupar xoxotas!”? Ou melhor, que filmes pornográficos fossem exibidos às 10 horas da manhã em TV aberta? Ou que sessões de autopsia fossem exibidas na TV aberta? Não foi aqui mesmo neste blog que se combateu (certou ou errado) a costumeira e bizarra forma de vincular cervejas e mulheres gostosas de biquínis em propaganda de TV? Não seria isso também censura? Afinal, objetivar a mulher deixou de ser errado e não estou sabendo? O tema é complexo e bastaste espinhoso. De minha parte penso o seguinte: nem tudo é arte, mas a definição do que é arte é bem complicado mesmo. A despeito disso, pedofilia é crime tipificado pelo código penal. Se houve ou se não houve, aí exige uma avaliação da obra. Eu não fiz isso. Não sei se houve pedofilia. Se é moralismo ou se não é, isso não importa. O código penal é bem claro. O fato de ser “arte” não é excludente de ilicitude, segundo aprendi na faculdade. O mesmo pode ser dito de diversos “artistas” que usam “piadas” para colocar pessoas em situações humilhantes. Isso sem falar no racismo etc. Chamar alguém de macaco por ser preto, por mais que dentro de um contexto humorísticos, não exclui o crime de racismo. A pergunta crucial, a meu ver, é: qual o propósito dessa “arte”? Chocar as pessoas não é arte. Quem acha que esse tipo de “arte” está no mesmo patamar de Hieronymus Bosch, Caravaggio e tantos outros é porque perdeu completamente o senso das proporções. Ou será que seu eu misturar água, malte, lúpulo num balde terei uma garrafa de Leffe?
Caro Doni, não estou discutindo o propósito da arte. Muito menos se é arte ou não arte, afinal não tenho propriedade para afirmar isso. Estou apontando para um movimento perigoso em que se julga imoral, ilegal, inoportuno qualquer coisa que seja diferente das próprias ideologias, sejam religiosas ou políticas, tentando impor como regra o que se pode ou não se pode ver, pensar, falar. Penso que daqui a pouco muitos serão proibidos de misturar água, malte e lúpulo num balde por fazer apologia ao crime de se beber... pensa nisso!
Mas porque eu, sendo cristão, não posso me manifestar quando ofendido pelo fato de símbolos que me são caros serem mostrados em imagens como a de uma santa agarrada aos peitos de uma mulher nua enquanto um cachorro lambe seu sexo?
Não é um atentado à liberdade de expressão impedir o meu protesto?
Nos EUA recentemente a Suprema Corte deu ganho de causa a uma ONG que protesta em enterros de soldados, gritando que eles são criminosos que devem mesmo morrer.
É um absurdo? É.
Deve ser proibido? NÃO.
Da mesma forma, se alguém resolver amolar a nós, cervejeiros, por fazermos uso de álcool e incitar a bebedeira, ele estará em seu pleno direito.
Protestar é direito inconteste. Sobre tudo e por todos. Proibir um conteúdo porque ele desagrada a uma parcela da sociedade, não. É simples assim.
Leia de novo o texto do Doni. A resposta foi desfocada da matéria.