Habemus Lupulus, uai!

O estudo do Lúpulo Mantiqueira, pelo engenheiro agrônomo Rodrigo Veraldi, dono do Viveiro Frutopia ( São Bento do Sapucaí – SP), começou em 2005, como você já viu por aqui. Desde que começaram os estudos, o que mudou é que agora as sementes que vingaram no estudo de Veraldi se multiplicaram, alcançando outros estados como Paraná e Minas Gerais, na proporção de 10 mil plantas . A patente desse lúpulo, o BRK2014, pertence à Heineken. Várias cidades mineiras têm suas plantações, tais como Botelhos, Andrelândia, Baependi, entre outras, mostrando que ‘habemus lupulus, uai’!!

E qual a importância, podem perguntar alguns, da existência dessas milhares de plantações de lúpulo pelo Brasil? Ora, finalmente poderemos ter o DNA brasileiro nas cervejas produzidas aqui. É simples! Segundo o produtor Pedro Salim, da Fazenda Fartura, que fica em Rio Espera, na Zona da Mata,  as características do Lúpulo Mantiqueira são muito próprias de cada região aonde está sendo plantado, não podendo ser comparadas às dos lúpulos europeus ou norte-americanos. Os lúpulos de sua fazenda, por exemplo, têm aroma frutado e picante, cítrico semelhante ao limão. Salim adianta que os estudos sobre essa variedade continuam sendo feitos em São Paulo por Rodrigo Veraldi, que agora, por meio de cruzamentos, tenta obter novas variedades.

Características ainda não descritas

Ainda não foram analisadas as plantas colhidas em Minas Gerais. A única análise existente sobre a variedade Mantiqueira, feita na Alemanha,  é a que descrevemos aqui no ano passado. E isso porque esbarramos em um problema: não há laboratórios brasileiros capacitados para realizar essa análise, também de acordo com o produtor Pedro Salim, que espera o fim do ano para poder enviar à Alemanha suas plantas. Só então saberemos o nível de alfa-ácidos e óleos essenciais presentes no lúpulo mineiro.

A quantidade de lúpulo plantada hoje, somente em Espera Feliz, pode atender as cervejarias das cidades de São João del Rei, Juiz de Fora, Santana dos Montes e Belo Horizonte. A expectativa do produtor é que em três anos ele consiga colher mais de 500 kg por ano. Se ampliarmos o prazo para daqui a quatro anos, será uma tonelada de produção anual. Isso sem falarmos nas plantações das demais cidades mineiras. Teremos autossuficiência de lúpulo no Brasil daqui a cinco anos, uma realidade impensável pelo segmento há uma década.

Resistência 

Lúpulo para abastecer as cervejarias nós já sabemos que teremos em pouquíssimo tempo. Mas, segundo Pedro Salim, nem toda cervejaria abraça a ideia, fechando suas portas até para testes. O produtor diz ter procurado várias que não mostraram interesse, alegando ter suas receitas fechadas, com a utilização de variedades importadas. Ele espera poder vencer a resistência dos cervejeiros e ver várias cervejas feitas em Minas com o lúpulo plantado no estado, a exemplo do que ocorreu no último fim de semana em Santana dos Montes, quando a Cervejaria Loba abriu suas portas para a produção de 500 litros de uma cerveja experimental com o lúpulo colhido na Fazenda Fartura.

Sustentabilidade no mercado

O empresário Aloísio Pereira, proprietário da Cervejaria Loba, já está acostumado a ser pioneiro em apostar em novidades. Prova disso é que sua fazenda produz uvas, em parceria com a Epamig, que se transformam em vinho. Ele também produz Vetiver, para contenção de encostas, vendido ao mundo todo. E agora chegou a vez de dar apoio ao lúpulo mineiro. Para ele, a plantação de lúpulo no Brasil, especificamente em Minas Gerais, é um negócio promissor. “Através dele deixaremos de ser dependentes da importação da planta”, comemora o empresário. Ele conta que a expectativa em relação à adaptação da variedade plantada em solo mineiro é excelente, uma vez que o crescimento dela em apenas 3 meses foi de 9 metros, algo descrito como fantástico na literatura especializada. “O lúpulo mineiro está sendo plantado na altitude de 900 metros, com variação grande de temperatura, sendo à noite muito fria e de dia muito quente, condições ideais para que a planta vingue. São plantas jovens ainda, que devem atingir sua maturidade em cinco anos”, explica Aloísio. Ele tem certeza sobre a sustentabilidade do negócio!

A nós, meros consumidores, resta aguardar para provar a cerveja produzida com o Lúpulo Mantiqueira de Minas Gerais. Daqui a alguns anos poderemos contar que fomos testemunhas dessa história!

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Fabiana Arreguy

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