O que é verdade sobre o lúpulo 100% brasileiro

Sim, já houve a cultura do lúpulo no Brasil em séculos passados ( como se pode ver no anúncio do Jornal Baependiano, de 1886).

E ainda há nos dias atuais! Muitos produtores se dedicam a plantar lúpulo em terras brasileiras, mas os cones nascem em boas condições para uso na cerveja? Qual o nível de alfa-ácidos? Como os lúpulos já plantados se adaptaram às condições climáticas do Brasil? Por que essas culturas não tiveram continuidade? Quais características, tanto para aroma quanto para amargor, tinham tais variedades? Eram variedades adaptadas ou eram clones de variedades estrangeiras? São muitas questões levantadas que estão sem resposta. Tenho ouvido inúmeras críticas ao lançamento da Baden Baden Marzen, que alardeia utilizar o lúpulo  100% brasileiro. Todas essas críticas passam por apontar que já houve e ainda há plantações de lúpulo no Brasil e, por isso, a empresa estaria mentindo ao alegar pioneirismo no uso da planta nascida aqui. O que não se sabe, ou pelo menos nenhum pesquisador histórico ainda nos apontou, é:  em quais cervejas e de que maneira o lúpulo já foi ou ainda é utilizado no Brasil?

Respostas que eu busquei na fonte, afinal jornalismo se faz com seriedade!

Procurei o engenheiro agrônomo, Rodrigo Veraldi, proprietário do Viveiro Frutopia, de São Bento do Sapucaí ( SP), que vem desenvolvendo desde 2005 o trabalho de pesquisa e cultura de lúpulo no Brasil. Ele já havia me dado uma entrevista em 2014, quando a Baden Baden anunciou o uso de lúpulo brasileiro em seu rótulo comemorativo de 15 anos. Foi nesse ano que o engenheiro conseguiu apoio da Brasil Kirin para os estudos, que foram complementados no Japão, portanto nove anos após o início de seu trabalho. Agora, passados mais três anos, quando a Baden Baden lança o rótulo definitivo com a variedade brasileira de lúpulo, quis saber do pesquisador o que é verdade e o que não passa de marketing em relação ao assunto. A entrevista completa pode ser ouvida aqui

Alguns pontos importantes devem ser destacados da conversa com Rodrigo Veraldi:

  • Ele não alega ser o único, sequer o primeiro, a pesquisar a plantação de lúpulo no Brasil.
  • A variedade que ele cultiva, que recebe o nome Mantiqueira ( devido à região onde foi plantado), não é clone, nem obtida a partir de muda. Ela foi obtida com sementes, que se adaptaram ao solo e às condições climáticas do Brasil, gerando uma nova planta.
  • O lúpulo Mantiqueira tem 4% de alfa-ácidos e uma boa quantidade de óleos essenciais medidos em laboratório. Tais óleos essenciais, que conferem aroma, são ricos em fruity, spicies e herbal
  • As pesquisas continuam com apoio da Kirin, sem que se saiba que rumo isso tomará quando a venda da empresa para o grupo Heineken se concretizar no Brasil.
  • As outras pesquisas com lúpulo, feitas em diferentes instituições do país, vão de vento em popa e em breve poderemos ter mais de uma variedade da planta com nosso terroir.
  • Cervejarias pequenas e caseiros terão acesso aos lúpulos brasileiros sim! Eles serão vendidos e fornecidos para uso em fábrica. Apenas mudas e sementes, que ainda são objeto de estudos e pesquisas, são vetadas para comercialização.

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Fabiana Arreguy

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